terça-feira, dezembro 07, 2004

Ai, ai... que me perdoem os mais modernos, os de vanguarda, mas bons tempos aqueles em que nós mulheres só recebíamos as seguintes denominações em termos de relacionamento com alguém do sexo oposto (ou não):
a) namorada;
b) noiva;
c) esposa;
d) irmã;
e) paquera;
f) caso;
g) amante;
h) amizade colorida;
i) destruidora de lares;
j) arruinadora de futuros;
k) pistoleira;
l) etc;
m) etc;
n) etc.
Eis que, um dia, um desocupado qualquer, que com certeza não precisava depilar a perna, nem tirar a sobrancelha ou retocar as raízes, criou o famigerado termo “amiga”. É claro que já éramos amigas de alguns homens, mas não é a essa amiga que eu estou me referindo. É àquela “amiga”, que normalmente vem acompanhada de um levantar de sobrancelhas e de um mudar de assunto imediatamente:
– Fulano, essa aqui é a Sicrana, minha... amiga! (Esqueci que tem também a pausa antes da palavra, como uma expectativa de levar um soco...)

Vamos rever o caso:

Você sai com o tipo umas cinco vezes seguidas... e é amiga;
Você diz para os seus amigos que conheceu alguém especial... e esse alguém chama você de amiga na frente de todo mundo;
Você troca com o tipo beijos que equivaleriam a uma videolaringoscopia, na presença de um monte de gente... mas é só amiga;
Se você não atende aos telefonemas do tipo, ele se acha no direito de fazer um interrogatório completo... e você continua sendo só amiga;
Sua mãe vê você chegando em casa, de madrugada, meio torta, com a roupa amassada e o batom borrado... e você tem que dizer que estava cumprindo seu papel de amiga;
Você faz todas as posições do Kama Sutra que são possíveis, correndo o risco de distender um músculo, claro que na companhia do tipo... mas isso toda amiga faz.

Resumindo a ópera: estou lançando a campanha
AMIGA É A PQP!!!
E PNC para todos os homens que insistem em ter “amigas”!
*Antes que algum homem venha dizer que é uma relação de mão dupla, vou logo avisando que estou falando de uma situação específica... não se façam de samambaias!

sexta-feira, novembro 26, 2004

Vai caiiiirrrr...

É fato que existe um problema de comunicação entre homens e mulheres. Mas quero contribuir com uma nova teoria sobre o assunto. O ó do borogodó é que a comunicação existe, sim, mas falha nos momentos mais importantes. É como se estivéssemos falando ao celular e nossa vida estivesse cheia de túneis. Ou, como acontece com muita freqüência, fingimos que estamos entrando em um túnel só para poder interromper a ligação...

– Jorge Augusto, eu vou embora!
– Hãnhãn...
– Jorge Augusto, você escutou o que eu disse? Eu já vou!
– Hãnhãn...
– Para sempre, Jorge Augusto, não volto mais...
– Hãnhãn...
– Estou levando minha mala. E não vou para a casa da mamãe. Não digo para onde vou.
– Hãnhãn...
– Já estou no meio da sala, Jorge Augusto. Você vai continuar olhando para a televisão?
– Hãnhãn...
– Minha mão já está na maçaneta, Jorge Augusto. Já dei a primeira volta na chave...
– Hãnhãn...
– Já abri a porta, Jorge Augusto. Se eu colocar um pé para fora deste apartamento, não volto mais...
– Hãnhãn...
– Jorge Augusto, você está me ouvindo?
– Hãnhãn...
– Tudo bem, já foi um pé. Se eu colocar o outro, aí acabou!
– Hãnhãn...
– A-C-A-B-O-U, Jorge Augusto, do verbo "não existe mais", pretérito, passado...
– Hãnhãn...
– Você sempre foi fraco em português, né? Como eu vou explicar isso para as minhas amigas? "Meu casamento acabou, fulana, porque o meu marido não sabe interpretar os meus textos..." Que absurdo, Jorge Augusto!
– Hãnhãn...
– Tchau, adios, bye...
– Hãnhãn...

Barulho da porta fechando

Porta abrindo devagar

– Falou alguma coisa, Jorge Augusto?
– Ãhn?
– Quer conversar, discutir a relação?
– Posso pedir uma coisa?
– Claro...
– Traz pão quando você voltar?

Estrondo da porta batendo.

Porta abrindo.

– Francês?
– Hãnhãn...

quinta-feira, novembro 18, 2004

Nada é como deveria ser

Você é uma mulher de 29 anos. Bonita, simpática, não tem uma inteligência lá muito acima da média, mas dá pro gasto. Formada, mora sozinha, tem um cargo público e um salário excelente. Tem grana pra gastar e gosta de balada.

Ele é um menino ainda. 21 anos, bonito, engraçado, cheio da lábia. É de uma família boa mas faz uma faculdade tabajara, só pros pais não encherem o saco. Playboy, gosta de coisas caras, mas trabalha de estagiário pra descolar o do chopinho de fim de semana. Filhinho de mamãe e está de olho em você.

Vocês ficam. Foi bom. Ficam de novo. Começam a namorar. As amigas já estranham pela diferença de idade. Além disso, é um moleque, não trabalha, nem sabe o que quer da vida. Você nem aí. Apaixonou-se.

Isso aconteceu há 6 anos atrás. Hoje vocês continuam namorando.

Tiveram uma linda filha. E continuam namorando.

Fizeram 6 anos juntos. E continuam namorando.

Ele vive dormindo na sua casa. E continuam namorando.

Ele já se formou na faculdade e trabalha com o pai, já estabelecido no mercado. E continuam namorando.

Ele já te chifrou e você sabe disso. E continuam namorando.

Você ganha muuuito melhor do que ele e sustenta seus luxos, viagens de férias e presentes. E continuam namorando.

Você está com 35 anos. Ele com 27. E continuam namorando.

Ele não gosta mais de balada, manda você calar a boca e te chama de burra na frente dos amigos. E continuam namorando.

A mãe dele acha que manda em você. E continuam namorando.

Todo mundo fala que ele não te ama, só te usa. E continuam namorando.

...

Falei lá em cima que sua inteligência não é lá muito acima da média?

Enganei-me... Não há vida inteligente dentro desse seu corpo...


P.S.: Como todas as que conto aqui, essa é mais uma história verídica...

sexta-feira, novembro 12, 2004

Um golpe de mestre

Eu gosto de compartilhar essa passagem da minha vida porque é uma chance que tenho de ser didática. Presta bem atenção, e depois me conta se anta não tem mais é que pastar mesmo...

A historinha é sobre um triângulo amoroso e odioso. E sobre a engenhosidade de um "figura".

Eles namoravam. Eu cheguei depois ao contexto. E eles pararam de namorar. Aí, eu e ele namoramos. Mas ela era ciumenta, daquelas barraqueiras mesmo, sacumé? E eu vivi dias de personagem de Nelson Rodrigues, sendo chamada de "bonita" para baixo. Ela me colocou em cada situação... ia para o meu prédio e ficava gritando coisas lindas para mim. Colocava faixas na entrada da quadra com o meu nome e o meu telefone, anunciando programa. Enfim, tornava a minha vida um carrossel de emoções...

Um dia, o meu namoro acabou. E eu ouvi alguém dizer que, depois de uns meses, eles estavam juntos de novo. Aí é que eu comecei a descobrir que sou um fracasso como mulher vingativa. Pensei: "Vou atormentar a perua um pouquinho". E, sabendo que ele ainda tinha uma queda por mim, fui procurá-lo. Fiquei me achando a última coca-cola do deserto, a última folha da alcachofra. Meu ódio será tua herança... minha vingança se concretizou... hehehehe...

But, como eu disse no início, anta tem mais é que pastar. O buraco era mais embaixo. Olha só a capacidade do mancebo: ele ficava comigo e dizia que estava namorando a outra. Eu, para me vingar, metia o chifre na mocinha. Só que ele dizia a mesma coisa para ela. E ela ficava feliz por me enganar. Se eu o visse com ela, beleza, eles eram namorados. Se ela o visse comigo, dava um jeito de se esconder, porque ela era a outra... e, quando ele não queria ficar com nenhuma das duas, inventava uma mentira e ficava com uma terceira...

Tudo bem, mentir não é bonito. Mas eu tiro o chapéu para ele.

quinta-feira, novembro 11, 2004

História Feliz

Eles se conheciam desde pequenos. Eram primos de algum grau por aí. Começaram a namorar com 15 anos. Toda a família aprovava o belo casalzinho. Fizeram 18 anos e todo mundo já perguntava pelo casamento. Ele, animadíssimo. Ela, nem tanto.

Ele queria uma esposa, 5 filhos, uma casa grande e um cachorro. Ela queria estudar, viajar, conhecer o mundo e curtir a vida.

Ela não sabia o que fazer. Um belo dia parou num orelhão de um shopping e ligou pra uma outra prima, amiga e confidente.

ELA: " - Ai Ana, não sei mais o que fazer..."

A PRIMA: " - Sobre?..."

ELA: " - Sobre o Mário. Eu gosto dele mas..."

De repende ela ouve uma batidinha na porta da cabine telefônica.

ELA: " - Peraí! Já tô terminando! Que pessoal apressado... Mas então, Ana, eu gosto do Mário, mas é que..."

Outra batidinha na porta da cabine.

ELA: " - Já vou! Já vou! Que coisa!"

A PRIMA - " - Mas é o que Alice?"

ELA: " - É que eu não quero casar com ele de jeito nenhum!"

Outra batida insistente na cabine.

ELA: " - Mas que coisa!!!! Quer ter paciência caramba!"

Quando ela se vira pra brigar com o insistente que não pára de bater na cabine... qual não é a sua surpresa quando vê Mário, parado do lado de fora, os ombros caídos e o semblante triste.

MÁRIO : " - Tudo bem Alice, eu já ouvi tudo, sem querer..."

Depois daquele dia, terminaram o namoro e cada um seguiu pro seu lado. Ela foi viajar. Ele também. Ela foi estudar. Ele também. Seis anos depois ela voltou para o Brasil. Ele estava por aqui.

Reencontraram-se numa reunião da igreja. Saíram depois para conversar. Ela viajara o mundo. Curtira a vida. Ele estudara bastante, crescera muito. Os pais dos dois fizeram gosto no encontro. A família já fazia planos para os dois.

E não é que deu certo mesmo?

Hoje são sócios na mesma empresa. Casados há 18 anos. Cinco filhos. Um cachorro. Uma casa enorme.

E são muito felizes.

* E essa história é verídica. Eu sei porque eu também faço parte dessa família...

terça-feira, outubro 26, 2004

Não entendo...

Vou falar de um cara. Ele é um dos meus melhores amigos. Há anos. Nos adoramos, passamos mil coisas juntos e eu tenho um carinho muito especial por ele.

À primeira vista ele é um partidão. Bonitão, charmoso, voz de locutor, rico, inteligente, engraçado, estabilizado profissionalmente, educado, aliás, um gentleman.

Digo que ele é um partidão à primeira vista porque tem um probleminha, ou melhor, dois probleminhas.

Em primeiro lugar ele é a encarnação do protótipo de um perfeito cafajeste.

Sabe aquele cara que conhece a garota, leva pro cinema, é todo educado, leva pra jantar, é todo respeitador. Cortejos, flores, luz do luar, cartões românticos, telefonemas inesperados. Durante uma semana ele é tudo isso e mais. Mas basta a garota abrir a guarda, ou melhor, basta a garota dar pra ele, que no dia seguinte ele some do mapa. Literalmente!

Telefones desligados, nunca está em casa, até licença do trabalho ele é capaz de tirar. Os amigos, que já conhecem de cor a história, muitas vezes acabam levando a sobra dos esporros das vítimas. Estamos até acostumados. E adianta falar? Adianta brigar? Adianta nada... Até eu já perdi duas amigas por conta disso. E geralmente são garotas bacanas, que você adoraria ter na sua turma.

Uma vez ele chegou ao cúmulo de inventar pra uma garota que ia ser transferido de Brasília e que nunca mais ia voltar à cidade, só pra convencer a menina de sair com ele. A guria era casada. Sabe aquela história de “despedida”, “uma última vez”, “nunca teremos essa chance novamente” e tal? E não é que colou? Imagina então a cara da guria quando soube que ele não foi embora e continua por aqui aprontando todas?

O outro problema é que ele de vez em quando namora. Até aí tudo bem. Mas em vez dele utilizar o mesmo bom gosto que ele tem quando escolhe uma vítima pra sacanear, ele é muito baixaria na escolha das namoradas. Geralmente a moça tem que ser loira. Loira tingida, nada de loira natural. Tem que ser do tipo gostosona. Não precisa ser necessariamente bonita, mas tem que ter um requisito essencial: TEM que ter cara e jeito de puta.

Ninguém até hoje o entende. Ele fica com mulheres bonitas, inteligentes, legais, mas sacaneia todas. Agora, pra namorar e apresentar pra turma ele tem uma predileção por mulheres vulgares, que não sabem se comportar ou mesmo se vestir normalmente que parece mais uma tara. Ele fica hipnotizado e torce o pescoço no meio da rua pra ver uma dessas passar. E se, no caso, ela for realmente uma “profissional assumida”, vocês acham que ele se faz de rogado? Que nada, ele paga com prazer!

Vai entender os homens...

quarta-feira, outubro 20, 2004

Mito 2

Não vou discutir conceito filosóficos, fisiológicos, antropológicos, sociais, neuróticos e afins. Nem vou particularizar, entrar em exceções. Vou falar do grosso (uepa!), mesmo.

Mulheres são delicadas. O universo feminino é feito de coisas delicadas. Sedas, espumas, brilhos, perfumes. Tudo lembra suavidade...

Mas o equilíbrio é o caminho. E, como diria Rita Lee, no fim, tudo vira bosta. É claro que temos um lado abajour-lilás-com-franjas-de-miçangas, mas um pouco de rudeza, no momento certo, não mata ninguém. Muito ao contrário.

Eu sou baixinha. Agora, que resolvi encarar o meu PD (Plano Deusa) de maneira séria e responsável, estou cada vez menor. Existe menos de mim no mundo. Passo essa idéia de delicadeza, de meiguice (passo outras idéias, também, mas essas estão fora do contexto). Aí, os homens acham que eu sou feita de porcelana. Que não podem me tocar com mais força, que eu quebro. Acham também que eu não sei falar. Que eu não sei escolher vinho, que eu não sei escolher um prato no restaurante, que o garçom não vai entender o meu dialeto de mulherzinha. Que eu não sei trocar pneu de carro, que, ao menor sinal de pânico, eu devo ligar para o cavalheiro da vez. Este tirará seu cavalo branco da garagem, desembainhará sua espada e virá resgatar a donzela (kkkkk) em perigo.

Façamos um teste: pergunte para a mulher mais próxima qual é a fantasia sexual dela. Se alguma disser que se imagina em uma torre, vestindo aquelas roupas medievais, de tranças no cabelo, recebendo a visita de um príncipe almofadinha, cheirando a talco, com laquê no cabelo e com as unhas feitas, prende. Prende e manda para estudo. Desculpem, amigas, mas não é normal...

Tem príncipe no Clube das Mulheres? Nunca vi. Já vi bombeiro, índio, dom juan, zorro. O único british man que eu vejo arrancando suspiros é o Hugh Grant. Os outros têm aquele ar de bibelô de penteadeira de vó.

Conclusão: nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Sabe aquele ditado da &%$* na cama e da dama na sociedade? Vale o equivalente masculino: podem ser bibelôs por alguns minutos, em algumas situações. Mas, por favor, a etiqueta da cama desaconselha o uso de determinadas palavras. Princesa, por exemplo...

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O TEXTO ACIMA EXPRESSA A OPINIÃO DA AUTORA. O BLOG NÃO NECESSARIAMENTE COMPACTUA COM AS IDÉIAS EXPRESSAS.

terça-feira, outubro 19, 2004

BOMBA

Nada contra músculos. Pelo contrário, todo mundo gosta de olhar pra um corpitcho sarado e talz. Nada de músculos em excesso. O exagero é feio.

Uma vez namorei um cara marombeiro. Professor de musculação, tinha um corpo bem sarado e musculoso. Só pensava em malhar. Estudar, ler, assistir a um noticiário, uma peça de teatro, nem pensar. E mais: pra ajudar a musculatura a ganhar volume ele tomava bomba. Que merda.

Era daqueles que chamavam atenção na rua, desfilando com roupas justas, camisetas baby look, depilava o peito, todo vaidoso. Nada demais até aí.

O primeiro problema é que ele era meio burro. Limitado, sabe? Conhecimentos gerais: zero. Ficava deslocado com minha turma de amigos. E com a turma dele o assunto era só malhação. O outro problema é que quanto mais ele tomava bomba, menos ele dava no couro.

Quando você não está planejando casar com o cara, passar o resto da sua vida com ele, ou mesmo entabular longos papos-cabeça, um gostosão é um bom passatempo. Mas tem que dar no couro, pelo menos.

Experiência própria garotas, quanto mais bomba o rapaz tomava, mais ele deixava a desejar na cama. Desempenho "sequiçual" fraquérrimo... e depois reinava um constrangedor silêncio, já que assunto não existia.

O namoro dançou, claro. E eu nunca mais olhei pra outro marombeiro.

Conselho aos rapazes: seus músculos à base de "bombas" podem até funcionar na rua, mas entre quatro paredes seu principal músculo vai ser um fiasco... Então decidam: se forem malhar os músculos à base de bomba, malhem um pouquinho o cérebro também. Ou vão oferecer o que à mulherada?

terça-feira, outubro 05, 2004

História triste

Há muito tempo eu tive uma amiga muito querida. Ela veio de Petrópolis pra Brasília e não conhecia ninguém. Sua família veio transferida porque seu pai era responsável pela rede elétrica da parte nova do Parkshopping. Nos conhecemos no último ano do 2º grau. Ficamos grudadas.

Ela era tímida, quieta e muito, mas muito estudiosa. Eu era bagunceira, faladeira, mas tinha meu lado CDF. Eu prestaria vestibular para Comunicação e Relações Internacionais. Ela para medicina. Era a sua paixão. Sonhava em ser médica desde pequena. Seu pai lhe dizia que tinha dedos longos, bons para operar. Não vivia para outra coisa.

Prestamos o vestibular. Eu passei e ela não. Ela continuava estudando muito, fazendo cursinho, perseguindo seu sonho. Tentou o vestibular outras vezes e nada. Mas nunca pensou em desistir. Até que um dia ela conheceu um cara.

Ele era paulista, alto, loiro, olhos claros e bem bonito. Veio transferido pra cá pra trabalhar junto com o pai dela e também não conhecia ninguém aqui. Nada mais normal do que começar a frequentar a casa da moça. Daí para o namoro, foi um pulo. Em pouco tempo começaram a fazer planos de se casarem.

Só não me perguntem o porquê, mas eu nunca fui com a cara do sujeito. Podia ser ciúme, já que ela começou a passar muito mais tempo com ele do que comigo. Ou porque ele começou a não querer que ela saísse sem ele. Ou só comigo. Ou porque depois ele começou a proibir, sim PROIBIR as saídas dela, controlando até mesmo o horário que ela chegava do cursinho ou da academia.

Aliás, academia, nem pensar. Nada de ficar desfilando e suando para um bando de marombeiros. Cursinho pra que? Pensando bem, que história é essa de vestibular pra medicina? Ele queria uma esposa em casa, que cuidasse dele e dos filhos que iriam ter, por isso, nada de medicina, nada de hospitais e plantões de madrugada, fora do alcance de sua vigilância. Eu achando aquilo o maior dos absurdos.

Foi quando ela mudou. Desistiu das saídas. Desistiu dos poucos amigos. Desistiu da academia. Desistiu do cursinho. Desistiu do vestibular pra medicina. Matriculou-se num curso particular de técnico em enfermagem. Vivia para ele. Agora mais do que nunca eu continuava nutrindo uma antipatia gigantesca contra ele.

Ela engravidou. Casaram-se aqui em Brasília. Parecia um conto de fadas. Ela era linda, ele era lindo, as famílias dos dois eram lindas e de boa procedência. O casamento foi lindo. Foram embora de Brasília. Foram morar na cidade dele em São Paulo.

Na despedida vi que minha amiga não estava feliz. Mas vi também que ela queria muito tentar. Queria dizer a ela que estava tentando da maneira errada, que ela não precisava se anular pra ser feliz. Queria contar pra ela como eu me sentia em relação ao seu marido. Mas não disse nada. Ela também não. Senti que naquele instante estava dizendo adeus pra minha amiga, pra sempre. Ela também sentiu.

Meses se passaram sem notícias, o que eu já esperava. Acabava sabendo das coisas através de uma amiga da mãe dela que morava aqui. Fiquei sabendo do nascimento do bebê, um menino. Saudável e lindo. Fiquei sabendo que minha amiga era a própria esposa dedicada e dona de casa esmerada. Não trabalhava, não estudava. Nada. Eu ficava revoltada. Mas segundo as notícias ela parecia feliz.

Dois meses depois do nascimento do bebê, outra notícia. Minha amiga fugiu com os pais para o interior do sul do país. Fugia do marido. Depois da segunda surra que ele havia dado nela, quebrando-lhe os ossos da face direita e afundando seu rosto. A primeira surra havia sido quando ela ainda estava grávida.

Até hoje não sei onde minha amiga está morando. Sei que o marido passou um bom tempo à procura dela. Não tenho mais notícias e ninguém que possa fornecer um contato. Só rezo pra que ela esteja bem. E até hoje, passados quase 15 anos, continuo com raiva do tal sujeito.

quinta-feira, setembro 30, 2004

Me dá seu telefone?

Já escrevi sobre a tortura que é para as mulheres esperar o telefonema de algum rapaz. Agora vou falar sobre uma pequena maldade que todas nós mulheres, já cometemos alguma vez nessa vida: dar o telefone errado.

Por que fazemos isso? Não é tão fácil responder porque na verdade existem motivos dos mais variados. Mas em geral é porque alguns rapazes, mais os da espécie "Homens-Polvo", são tão chatos, mas tão chatos, que não sossegam enquanto não forem enganados.

Muitas e muitas vezes, ao dispensar um cara, a mulher escuta elogios como: baranga, sapatão, vadia e por aí vai. Pra nos poupar desses comentários deliciosos, ou mesmo quando a garota não tem muito jeito pra dispensar o moçoilo insistente, é batata: telefone errado.

Da mesma forma quando sabemos que aquilo não vai dar em nada, que a ficada foi boa (ou nem tanto), mas não vale a espera por um telefonema no dia seguinte, não é toda mulher que tem as caras pra dizer: "Telefone? Cai na real amigo, isso aqui foi uma noite e nada mais!"
E, convenhamos, não é todo cara que está pronto pra ouvir uma dessas!

Eu mesma, na minha adolescência, juntamente com minha fiel companheira de farra, Michelle, quando queria dispensar um pentelho dava sempre o mesmo telefone. Ela também. Isso aconteceu durante anos. Lembro até hoje do número. Lembro também de uma vez que ligamos pro tal número só de curiosidade, pra ver o que acontecia. Fomos xingadas pra valer...

Tenho uma amiga que até hoje dá o número do antigo celular dela, que está desativado. E por aí vai...

Estou aqui admitindo que isso não é legal. Todas nós sabemos disso. Quem disse que somos perfeitas? Mas o fato de não conseguirmos dispensar os rapazes sem que os enganemos, também conta com a ajuda deles.

Se eles conseguirem lidar com o fato de serem rejeitados com mais naturalidade, talvez nós possamos conseguir ser menos sacanas.

Portanto rapazes, quando não quisermos dar nossos telefones, por favor, não insistam, ou podem acabar ligando pra padaria da esquina no dia seguinte. A ficada pode não ter sido tão boa assim e a garota pode não querer repeti-la e nem querer mais olhas na sua cara (assim como vocês). Ah! E mulher também gosta de sexo por sexo, uma noite e nada mais, sem querer ficar esperando por um telefonema no dia seguinte.

Juro que estamos tentando fazer um esforço sobre-humano para parar com essa mania. Mas vocês bem que podiam colaborar...

terça-feira, setembro 28, 2004

Homens-Polvo de Vênus e Mulheres-Tilápia de Marte

Outro dia eu estava assistindo a um episódio do Sex and the City no qual a Charllote tenta comprar um livro de auto-ajuda em uma livraria, mas se sente envergonhada e acaba encomendando o mesmo livro pela internet. Aí eu me lembrei de um livro que uma amiga muito querida recomendou que eu lesse. Acho que o nome era "Enquanto o Amor não Vem". Ou algo parecido. Eu ainda não li. Pode parecer besteira, mas eu ainda estou na fase da negação.

Não sou uma feminista de carteirinha. Sou a favor do ser humano, independentemente do sexo. Não gosto de pessoas que se depreciam, sejam homens ou mulheres. Mas também sei reconhecer as diferenças entre o universo feminino e o masculino. O fiel dessa balança? O respeito. Faltando esse respeito, começam a aparecer os mitos. E, de repente, coisas simples que fazíamos com os pés nas costas (algumas pessoas fazem com os pés no pescoço, com as mãos no lustre... muitas variações), como nos relacionar com alguém do sexo oposto, começam a exigir manuais. E aí aparecem os mitos. E os micos.

(Agora, tira as crianças da sala, que eu vou falar de sexo!)

Mito 1

Homens transam por tesão, mulheres só conseguem transar se houver envolvimento.

Você ainda acredita nisso? No coelhinho da Páscoa e em Papai Noel também? Peraí! Concedo o fato de que os homens têm um nível de excitação mais visual. É muito difícil (não impossível) você escutar que uma mulher está louca para transar com um cara que ela só está vendo por foto. Precisa haver todo um contexto, a figura precisa ser um mecânico, ou um bombeiro, ou um guarda, ou um médico, ou um stripper besuntado de óleo de amêndoas e... deixa para lá!

O fato é que o mito é verdadeiro. Mulheres só conseguem transar se houver um envolvimento. Só que esse envolvimento pode ser dela com ela mesma. Tipo "hoje estou a fim de dar uma". E o que os homens não entendem é que nós podemos sim aplicar a máxima do "lavou tá novo". Podemos sim ser cafajestes. Podemos transar e não querer mais ver a figura. Podemos gostar só do sexo e abominar a figura na "vida real". Podemos ter um "enorme carinho" e "não querer perder a amizade" da figura.

As coisas são muito mais simples do que pensamos. Vale sempre usar a sinceridade e a honestidade, coisas que, apesar de serem semelhantes, são bem diferentes.

Senão, daqui a pouco, vamos estar lendo livros com os seguintes títulos: "Como Abrir a Boca e Mastigar – Um Manual para a Alimentação Suave", "Um para dentro, Outro para fora – Aprenda a Respirar Brincando"...

terça-feira, setembro 21, 2004

Alô?

Nesse final de semana, Danuza Leão, em sua coluna na Folha de São Paulo, falou sobre um assunto mui conhecido na ala feminina: o efeito telefone.

Analisando a célebre frase: "Eu te ligo!", o que o texto realmente nos mostra é que somos todas iguais. Não é um clichê, é uma verdade: mulheres são todas iguais.

Ele diz que vai ligar. Levante a mão quem nunca sofreu horrores ao lado do telefone.

Levante a mão quem nunca tirou o fone do gancho 125 vezes pra ver se o dito estava mesmo funcionando.

Levante a mão quem nunca ficou na dúvida se deu mesmo o telefone certo.

Levante a mão quem nunca recusou programa com as amigas, cinema com a turma ou uma simples ida à padaria porque ele disse que ia ligar (tá bom, tá bom, eu sou do tempo que celular ainda não existia).

Levante a mão quem nunca tomou banho com a porta aberta ou com o celular em cima da pia do banheiro pra poder escutar quando ele tocar.

Levante a mão quem não tem uma amiga que liga, na hora em que você aguarda ansiosamente o telefonema dele, só pra perguntar se ele já ligou.

E quando o telefone finalmente toca, levante a mão quem nunca deixou tocar uma, duas, no máximo três vezes antes de atender, com a voz calma e um tom surpreso por ele ter te ligado.

Sim senhoras. Somos todas iguais.

Toca desgraçado, toca...

sexta-feira, setembro 17, 2004

Verdades

Minha mãe nunca me treinou para casar. Nunca me ensinou um ponto de bordado, nunca me deu um pano de prato para o meu enxoval. Sempre a ouvi dizer: "Vai estudar, trabalhar, viajar e, quando não tiver mais nada para fazer, pode até pensar em casar com alguém". É claro que qualquer terapeuta vai diagnosticar projeção. Era assim que ela queria a própria vida. E uma coisa que muitos homens não conseguem entender é que nós, mulheres, passamos a vida tentando agradar às mães. Por isso, fiz tudinho o que ela mandou. Estudei, trabalhei, viajei muito. É claro que intercalei tudo isso com uns amores caprichados. Alguns fracassaram, outros deram certo até onde tinham que dar, mas a maioria me fez bem. Os meus amores me ajudaram a ser a pessoa que sou hoje.

Hoje em dia, eu posso dizer, sem medo de parecer menos independente, que quero namorar alguém. Conversar, ir ao cinema, passear, falar besteira, beijar, fazer amor. Mas não acredito em príncipe encantado. E talvez seja por isso que o meu ainda não apareceu. E se os príncipes encantados forem que nem fadinhas: quando alguém diz que não acredita neles, um morre esturricado? Já matei um monte, sorry, meninas.

Mas eu não quero um príncipe, eu quero um Zé. Que Zé? Eu quero um Zé que nem o da Adélia Prado:

Para o Zé

Eu te amo, homem, hoje como toda vida quis e não sabia,
eu que já amava de extremoso amor o peixe,
a mala velha, o papel de seda e os riscos de bordado,
onde tem o desenho cômico de um peixe —
os lábios carnudos como os de uma negra.
Divago, quando o que quero é só dizer te amo.
Teço as curvas, as mistas e as quebradas, industriosa como abelha,
alegrinha como florinha amarela, desejando as finuras, violoncelo, violino,
menestrel e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito pra escutar o que bate.
Eu te amo, homem, amo o teu coração, o que é, a carne de que é feito,
amo sua matéria, fauna e flora, seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas perdidas nas casas que habitamos, os fios de tua barba. Esmero.
Pego tua mão, me afasto, viajo pra ter saudade, me calo,
falo em latim pra requintar meu gosto:
“Dize-me, ó amado da minha alma, onde apascentas o teu gado, onde repousas ao meio-dia, para que eu não ande vagueando atrás dos rebanhos de teus companheiros”.
Aprendo. Te aprendo, homem. O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível. Te alinho junto das coisas que falam uma coisa só: Deus é amor.
Você me espicaça como o desenho do peixe da guarnição de cozinha, você me guarnece, tira de mim o ar desnudo, me faz bonita de olhar-me, me dá uma tarefa, me emprega, me dá um filho, comida, enche minhas mãos.
Eu te amo, homem, exatamente como amo o que acontece quando escuto oboé. Meu coração vai desdobrando os panos, se alargando aquecido, dando a volta ao mundo, estalando os dedos pra pessoa e bicho.
Assim, te amo do modo mais natural, vero-romântico, homem meu, particular homem universal. Tudo que não é mulher está em ti, maravilha. Como grande senhora vou te amar, os alvos linhos, a luz na cabeceira, o abajur de prata; como criada ama, vou te amar, o delicioso amor: com água tépida, toalha seca e sabonete cheiroso, me abaixo e lavo teus pés, o dorso e a planta deles eu beijo.

O texto acima foi extraído do livro “Poesia Reunida”, Editora Siciliano – São Paulo, 1991, pág.99.

segunda-feira, setembro 13, 2004

O Efeito "White Pants"

Constatações em momentos de ócio...

Hoje eu estava à toa lá no fórum, esperando o horário de uma audiência começar. Enquanto isso, fiquei observando o vai-vem das pessoas na portaria principal.

Por causa dessa calor medonho que está fazendo, as mulheres que trabalham no fórum, as advogadas, estagiárias, promotoras, etc... estão desfilando modelitos um pouco fora do padrão ambiental do Tribunal de Justiça.

Basta de terninhos fechados, tailleurs calorentos, camisas de manga comprida. Um viva para as saias floridas, blusas decotadas e de alcinha e, principalmente, para a peça curinga da temporada: A CALÇA BRANCA.

É incrível o efeito que uma calça branca, justa e ligeiramente transparente (só a ponto de se perceber o contorno da underwear) tem sobre os nossos rapazes, não é?

Nem todas nós podemos usar uma calça branca nessa condições (eu tenho uma que está encostada no armário, esperando eu tomar jeito ou me desfazer dela), é preciso estar em certa forma, sem celulites marcantes ou excessos curvilíneos, mas quando vemos uma moçoila num corpitcho "tudo em cima", dentro de um modelito desses, basta parar um minutinho pra observar: os homens estremecem.

Não tem um que deixe de olhar. A gente também olha, claro, pra analisar a concorrência ou com aquela pontinha de inveja, ou mesmo pra tentar achar um defeitinho na "querida". Mas os homens babam.

Hipnotizados que ficam, presenciei alguns entrando no elevador errado, quase batendo com a cara na porta de vidro ou mesmo parados, inertes, no meio do hall de entrada, apreciando a beldade que passava.

Ah, queridos, como é fácil "embobecer" vocês...

quarta-feira, setembro 08, 2004

Primeiro Amor

Dizem que o primeiro amor de uma garota é seu pai. Filha e pai estão quase sempre grudados, num eterno complô, onde a mãe proíbe e o pai permite, cheios de segredos e agrados, coisas só deles dois. A princesa do papai, o orgulho nos 15 anos, a ranha com o primeiro namorado, a emoção de levar a filha noiva ao altar.

No meu caso foi bem diferente. Meus pais se separaram quando eu tinha 9 anos de idade e acho que meu pai não sabia lidar muito bem com uma filha mulher. Filho homem sim, serve pra ir ao clube, acompanhar na pelada ou assistir ao Mengão na TV.

Durante toda a minha vida a ausência de meu pai foi completamente normal pra mim. Reforçando essa ausência tinha uma mãe de personalidade fortíssima. Linha dura, repressora em vários momentos, escorpiana vingativa e radical. Uma mãe que eu sempre amei de paixão, incondicionalmente.

Minha mãe vivia reclamando pra quem quisesse ouvir a falta de atenção que meu pai tinha comigo. Plantou na minha cabeça a idéia de que ele fazia falta, mas que ao mesmo tempo ele era dispensável. Ela era mais uma boa mãe separada se esforçando pra criar os filhos.

Assim, aprendi a viver sem meu pai. Sem ouvir seus conselhos, sem pedir suas opiniões. Durante um bom tempo até me recusei a falar com ele. Cruzava com ele na rua e fingia que não conhecia. Se ele me fazia falta? Eu jurava que não. Mas certa e dolorosamente, sim.

Quando me separei de meu marido, há quase dois anos, sofri uma grande perda: minha mãe parou de falar comigo. Ela sempre foi meu apoio, meu esteio, a seta que apontava minhas direções. E quando eu estava perdida, sem saber direito o que fazer, foi meu pai quem apareceu no meu caminho.

Sem fazer perguntas, sem proferir julgamentos, sem me indicar soluções ou caminhos. Apenas me estendendo a mão e dizendo que, por onde eu escolhesse caminhar, ele estaria ao meu lado.

Desse tempo todo pra cá, descobri meu pai. Acabei entendendo que, durante um bom tempo, ele estava ao meu lado. Mas estava quietinho, observando. Talvez com medo, porque eu e minha mãe não deixáramos vago o lugar que ele ocupava. Talvez acomodado, porque eu estava indo bem, mesmo sem ele.

Mas na primeira oportunidade surgida, ele não deixou a chance escapar. Agarrou com todas as forças e me puxou de volta pra ele. Aos quase 30 anos eu descobri meu pai.

Descobri que debaixo daquele jeito ranzinza tem um cara bem-humorado. Como eu.

Descobri que ele grita, berra e esperneia, mas dali a 5 minutos tudo está bem novamente. Como eu.

Descobri que ele é muito sem paciência com crianças, mas adora todas as que fazem parte da família. Como eu.

Descobri que se pode contar tudo pra ele (quase tudo né?). Só não mentiras. Como eu.

Descobri que ele pode não ter sido meu primeiro amor... Mas pode ser meu amor para sempre.

segunda-feira, agosto 30, 2004

Eis a questão...

Sábado, durante um churrasco regado a muita cerva, ou seja, o lugar ideal para se filosofar sobre a relação homem-mulher, surge o seguinte assunto:

Por que será que os homens levam toco quando usam de toda aquela "finesse" e puxam os cabelos das mulheres ao vê-las passarem na boite (isso quando não conseguem agarrar seus antebraços e puxá-las mui "delicadamente")??

Vou partir da premissa de que realmente os homens se surpreendem e não sabem o porquê de tamanha indignação. Lá vai.

A moçoila se prepara para ir à boite. Sua intenção é ouvir música de boa qualidade. Não interessa. Sua intenção é dançar até suar em bicas. Não interessa. Sua intenção é só sair de casa e ver gente. Não interessa. Sua intenção é paquerar ou beijar muito na boca. Não interessa!

Seja qual for a intenção da moçoila, duas coisas são importantes:

- Sim, ela vai se arrumar toda, independentemente da sua intenção. Vai se vestir com esmero, caprichar na maquiagem e vai dar MUITA, mas MUITA atenção para o cabelo.

Longo ou curto, liso ou crespo, loiras, morenas, ruivas, negras, todas. Escovinha, Chapinha, Baby Liss, Mega Hair ou mesmo um simples cabelo-lavado-num-rabo-de-cavalo.

O cabelo de uma mulher é como se fosse sua base, sua muleta ou sua arma. Mulher não sai na rua com o cabelo de qualquer jeito, no way! Uma mulher descabelada é uma mulher desestruturada.

- Caso vocês não tenham um calendário à mão, estamos no dia 30 de agosto do ano de 2004. 2004, ouviram bem? Foi-se o tempo em que desfilávamos na frente dos homens esperando sermos atingidas por um golpe de tacape e arrastadas pelos cabelos até o motel, ops, caverna mais próxima.

Naquela época não se sabia falar. Nenhuma palavrinha, nada. Nem "boa noite", nem "como vai", "qual o seu nome", etc. Não tinha shampoos no mercado, nem alisamento japonês, nem tratamentos capilares que custam uma fortuna. Vai ver por isso as mulheres não esquentavam muito a cabeça. Mas que deviam ficar carecas logo cedo, sem dúvida.

Imaginem então o que sofremos quando vamos a uma boite, show ou qualquer outro lugar muvucado, onde a paquera rola solta, tanto quanto o álcool e a má educação.

Sinceramente os homens acham que, nos puxando pelos cabelos, com aquelas mãos que Deus-sabe-onde estavam anteriormente, vamos nos virar, fitar aquele homem das cavernas com olhar lânguido de desejo e nos jogar em seus braços?

No mínimo vamos ignorar e acelerar o passo pra fugir dos tentáculos que agarraram nossas cabeleiras. Mas podemos também proferir expressões simpáticas como "me larga imbecil" ou "sem contato físico, idiota". Jogar um copo de cerveja no "simpático" também pode acontecer ou ainda um belo pisão com aquele salto 12, de acrílico.

Mais ainda. Podemos contar para nossos namorados que vocês estragaram o penteado que ele ficou 40 minutos esperando a gente terminar antes de sair de casa. Uia!

Mesmo que nada disso aconteça, as chances de vocês nos conquistarem no "primeiro puxão" são tão mínimas que a Mega-Sena é uma aposta melhor.

Ah! E nos chamar de piranha, vagabunda ou baranga, depois de levar um toco nessa situação costuma funcionar muito...

Mais alguma pergunta?


"Acho que aquela gatinha tá me dando mole..."

Falha

Falha no sistema de comentários.

Esse reblogger é mesmo uma merda. Prometo tentar consertar o problema até o fim do dia... Só não sei de que dia...

quinta-feira, agosto 26, 2004

HOJE É DIA DE FESTA!!!!!

Hoje temos um motivo duplo para comemorar.

Pra isso fizemos até um bolo lindo! Claro que não foi a gente que fez, afinal tínhamos que posar como modelos. Olha só aqui embaixo:



Ah sim, mas vocês querem saber o motivo da comemoração? Em primeiríssimo lugar e o mais importante de tudo, é que nossa querida companheira de blog, aquela de uma seriedade e maturidade invejáveis, pensamentos e posts profundos (vide o do arroto), amiga de todas as horas, FABBY, está completando mais um aninho de vida.

Além de estar ficando velha e ter que mudar a idade lá no perfil, nossa amiga resolveu começar mudanças importantes em sua vida, começando pelo seu ambicioso PD - Projeto Deusa. Isso eu num posso explicar, vocês que perguntem pra ela depois... Mas que com certeza a gente vai estar dando toda a força do mundo!

Então esse bolo aí de cima é mais uma homenagem à nossa querida amiga, companheira de posts, de almoços de sexta-feira, de "all-you-can-eat" das quartas-feiras e por aí vai...

PARABÉNS FABBY!!
Pra quem não conhece a lindeza olha ela aqui embaixo:






E para terminar, o bolo lá de cima também comemora o aniversário de 1 mês desse blog! Mais do que isso, comemora uma amizade que nasceu antes do blog, mas que, certamente, amadureceu e se fortaleceu por causa dele. Comemora a amizade entre essas três moçoilas blogueiras que vos falam diariamente e que, dividindo as angústias, os pensamentos, os problemas e as alegrias entre elas, e com todos vocês, descobriram que não estão sozinhas.

E para comemorar esse aniversário e essa amizade, segue o resultado do ensaio fotográfico comemorativo, no melhor estilo Charlie's Angels, o que, by the way, é a nossa cara. Vê só se a gente num tá se "achando"...




UM BEIJO PRA TODOS VOCÊS, QUE NOS ACOMPANHARAM DURANTE TODO ESSE MÊS! PODEM ESPERAR QUE POR AÍ VEM MUITO, MAS MUITO MAIS!

quarta-feira, agosto 25, 2004

Shhh, faz silêncio...

Existem dois grandes tabus num relacionamento amoroso: a conversa e o silêncio.

Tente discutir a relação com seu homem. Ele mergulhará no silêncio de um mundo inatingível e indecifrável para você. Inúmeras vezes flagramos nossos namorados mergulhados nesse silêncio e, invariavelmente, soltamos a inútil pergunta: “No que você está pensando?”. Se ele disser que não está pensando em nada, você vai dizer que é mentira. Se ele disser que está pensando no Mengão você vai se magoar porque ele não está pensando em você.

Mas o fato é que os homens ficam muito mais em silêncio do que nós. E isso parece ser importante para eles. Eu, até hoje não consegui entender a importância do silêncio para os homens. Mas acho que tenho uma pista...

Num final de semana desses, após um belo almoço caseiro, eu e namorido deitamos juntos no sofá da sala, abraçadinhos, satisfeitos e felizes. Comecei a tagarelar, coisas sem importância, amenidades, acontecimentos da semana, ou simplesmente fiquei beijando sua bochecha sem parar e repetindo que o amo muito. De repente ele vira e manda a pérola:

“- Vamos fazer uma coisa?

- Vamos! O que?” – perguntei, já animada como sempre.

“- Vamos ficar 10 minutos em silêncio, só deitados e abraçadinhos?”

Hã??... Ca-la-ro que aquele “vamos” era “você poderia”... Me chamou de matraca na cara dura e ainda soou como um desafio, como se fosse impossível que eu calasse a boca e ficasse 10 míseros minutos em silêncio. Disse “vamos” naquela boa vontade do cacete e fechei o bico.

Ainda abraçado comigo, de vez em quando ele me olhava com um sorrisinho sarcástico pra ver como eu estava me saindo. E eu lá, impassível, naquela pose de quem estava acostumada a longos momentos silenciosos ao lado do ser amado.

Quando se passaram 5 minutos eu já estava completamente impaciente. Não conseguia ficar parada no sofá, qualquer posição me incomodava, meus pés não paravam quietos, os dedos ficavam se mexendo de nervoso. E mesmo estando prestes a gritar continuei sem soltar um pio. Foi aí que resolvi fechar os olhos pra ver se o tempo passava mais rápido. E foi aí que eu relaxei.

Abraçadinha com meu amor, de olhos fechados, no mais completo silêncio, comecei a pensar no quanto era bom estar ali, no quanto aquilo era gostoso. Sentia apenas as nossas respirações e o calor do nosso abraço. E consegui ficar em silêncio, sem pensar em nada! Quando abri os olhos tinham se passado bem mais que dez minutos e ele estava olhando pra minha cara e sorrindo.

Com aquele jeitinho sarcástico, disse alguma coisa como “nem doeu” ou “viu, você conseguiu”, e eu logo pulei do sofá bufando e pisando duro, dizendo pra ele não repetir mais isso que eu não ia mais fazer.

Mentirinha, claro. Vou fazer de novo. Esporadicamente, pra não acostumar, afinal, eu gosto de falar...

Shhh...

terça-feira, agosto 24, 2004

Sinfonia

O MISTERIOSO E FANTÁSTICO (E ÀS VEZES NOJENTO) MUNDO DOS MACHOS II

No segundo capítulo da série, eu me aproveito deste espaço para tirar uma dúvida que me acompanha há quase quinze anos...

Eu tenho um vizinho que, todas as noites, oferece uma sinfonia aos moradores próximos. "O que mais essa mulher quer?", podem perguntar alguns. Eu explico: a sinfonia, meus caros amigos, é de arrotos. Curtos, mais longos, mais encorpados, mais semitonados, tem para todos os gostos. A base é uma só. Se João Gilberto ouvisse, chamaria de plágio e sairia indignado.

Quando ele casou, há uns dois anos, achei que ia melhorar. Triste e vã ilusão. Os arrotos continuam, acompanhados, agora, de uns outros sons que me fazem ficar corada só de pensar. (Bateu uma dúvida: será que ele arrota durante, digamos assim, o ato?)

E, quem for falar sobre privacidade, pode desistir: ele dá um show mesmo. Fica na janela e tudo o mais. Acho até que faz aquecimento vocal...

Parece estranho que eu gaste tempo pensando nisso, mas vai morar lá em casa, vai. Vai tentar ouvir o William Bonner dar as notícias entrecortadas por arrotos. Vai tentar ver um episódio de Sex and the City e, ao invés das desculpas furadas do Big, ouvir essas eructações. Vai tentar ficar com medo vendo um filme de terror e, na hora em que o monstro vai pegar a mocinha, tudo o que você escuta é um arrotão...pimenta no dos outros é refresco, já dizia minha avó...

Por quê? Por que vocês homens fazem isso? Eu não falo nem dos puns, pois nós, mocinhas delicadas, também estamos sujeitas a uma certa flatulência...mas arrotos??? E aproveitem para me explicar a coçadinha no saco, se não for pedir demais...

quinta-feira, agosto 19, 2004

À moda antiga...

Outro dia a Dani escreveu que foi alvo de explícitas e desinteressadas manifestações de cavalheirismo por parte de uns "tiozinhos". E que os rapazes de hoje deveriam aprender um pouco desse comportamento, ao invés de tentar nos puxar pelos cabelos, como bons homens das cavernas, toda vez que atravessamos na frente deles.

Preciso partir em defesa dos "rapazes de hoje". Preciso também concordar que os "tiozinhos" (olha a minha idade e falando de tiozinhos), em sua grande maioria, conseguem ser bem mais cavalheiros do que os rapazes mais novos. Uma questão de costume, talvez. Mas tenho notado que, ultimamente, também tenho sido alvo de explícitas e desinteressadas manifestações como essas que atingiram nossa colega blogueira, por parte de rapazes mais novos (não estou mencionando aqui a categoria dos adolescentes, porque, pra mim, o único jeito pra eles é "peia").

Ter alguém abrindo portas para mim, me dando preferência, dizendo "pode passar" ou "a Srta. primeiro, por favor", tem sido uma constante no meu dia-a-dia. O problema é que nossos dias são tão estressantes que não paramos para admirar pequenos gestos como esses, taxando-os como "obrigação masculina".

Tudo o que vira obrigação fica muito, mas muito chato. E gentilezas, pequenos cuidados, cavalheirices, não podem ser taxados de obrigação masculina. Merecem agradecimentos, sorrisos e até retribuição. Vamos mostrar aos homens o que admiramos neles. Senão é capaz deles se chatearem por se sentirem obrigados a nos tratar dessa forma.

Hoje eu já agradeci e quero agradecer novamente: ao motoboy que gentilmente segurou a porta do elevador do Juizado Federal pra mim (aquela porta parece uma guilhotina, de tão rápido que abre e fecha), ao tiozinho que me cedeu a vaga na porta da Receita Federal (que tem um estacionamento minúsculo e lotadéeeeerrimo), ao rapaz que me deu a vez na fila da xerox do Tribunal e a outros tantos que me sorriram, me deram bom dia ou boa tarde e foram gentis comigo e com outras tantas mulheres...

quarta-feira, agosto 18, 2004

Êne-a-o-til

Uma amiga anda tendo problemas para convencer os homens de que não é não – como já diziam nossas mães.

De um lado, um ex-quase-namorado que não larga do pé, mas também não se decide a Ter um compromisso de verdade. Como ela não quer o meio-termo, diz não. E ele não entende. Ou faz questão de não entender.

De outro, um ex-provável-namorado, que anda perdendo pontos justamente por não respeitar o espaço da moça. Ela diz "não", ele insiste. E insiste. Até ficar chato e cansativo.

Alguém me explica por que os homens não conseguem compreender essa palavrinha tão simples?

segunda-feira, agosto 16, 2004

A Dança das Letrinhas

Vamos lá, mocinhos...todos aprendendo a Dança das Letrinhas!!

Música: YMCA, do viril e muito macho grupo musical Village People (aquele do índio, do guarda e outros mais)

Durante a música, você pode se expressar à vontade, deixando a sua sensibilidade aflorar, entrando em contato com o seu lado mais metrossexual, sem se importar com os olhares horrorizados das rachas presentes (elas estão é com inveja do seu twist de quadril!!).

No refrão, você vai usar o seu corpitcho para ilustrar a letra da música, desenhando com os braços as quatro letrinhas:

Y – Coloque os braços para cima, fazendo um "V";
M – Suavemente, traga os braços para baixo, deixando-os ao longo do corpo, dando (eppaaa!!) uma leve arredondada neles;
C – Mantenha um braço abaixado, mas vire-o para fora, acentuando um pouco a forma aredondada. Eleve o outro acima da cabeça, como se fosse fazer um alongamento lateral, porém sem dobrar o corpo;
A – Esse é um pouquinho mais elaborado, pois exige o uso das pernas também. Leve os dois braço para cima da cabeça, fazendo com que as pontas dos dedos se toquem suavemente, como se você estivesse rezando. Ao mesmo tempo, abra suas pernas para manter a continuidade da linha dos braços.

Pronto!! Só não se esqueça de beber alguma coisa antes, para poder justificar quando aparecerem as fotos...

O Efeito YMCA

Vou pedir licença às minhas amigas para iniciar um post seriado. São algumas dúvidas que assombram minha mente em tardes modorrentas de segundas-feiras e que eu preciso esclarecer a qualquer custo. Vamos então ao primeiro capítulo da série:

O MISTERIOSO E FANTÁSTICO (E ÀS VEZES NOJENTO) MUNDO DOS MACHOS I

Eu sou uma testemunha ocular. Ninguém me contou. Eu vi. E não foi uma vez, foram várias, dezenas, centenas de vezes.

Começa assim: um grupo de moças e rapazes em uma boate, ou em outro lugar qualquer que tenha música. Avaliações gerais de parte a parte: "Esse eu pegava, aquele eu deixava me pegar, aquele outro eu deixava pensar que podia me pegar um dia, quem sabe...aquele ali nem f******"
Ou seja, o trivial das saídas em grupo.

De repente, soam os primeiros acordes de "I'll Survive" e eles parecem um código, uma senha. Os rapazes, que antes mantinham uma pose de macho, um olhar distante que dizia "te como assistindo a uma partida de futebol e palitando os dentes" e que nos fazia pensar em tacapes e cabelos compridos, esses moços, pobres moços, resolvem liberar o bípede emplumado e desembestam pela pista de dança fazendo caras e bocas, cantando tudo de cor e exagerando na caricatura para fingir que estão brincando. E tome-lhe "It's Raining Man", "Macho Man" e o ápice, a liberação total, o orgasmo dos sentidos, a consagração: YMCA!!! Com coreografia de letrinha e tudo.

Depois que morrem as últimas notas, voltam para a mesa, como se nada houvesse acontecido. Olham para o lado, desconfiados, pedem uma cachaça e dão uma coçada ostensiva nas partes, como que para afirmar que tudo voltou ao normal.

E, caso alguém os fotografe no ato ("Olha aqui o T* fazendo o Y...não, não é um G...é que o S* desmunhecou um pouco fazendo o C..."), sempre há o álibi da bebida...

Pergunta aos moços: quer dizer que a bebida é a TPM dos machões?

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Update: Acabou-se tudo!!! Meu amigo David, último bastião da tosquice masculina, acabou de fazer a dança das letrinhas aqui ao meu lado!!! Não confio mais em homem nenhum!!!




sexta-feira, agosto 13, 2004

Conto de Fadas

Hoje, só pra variar um pouco, meu post vai ser mais sério, mais no estilo Fabby de ser...rs.


Sou uma pisciana meio mixuruca. Nunca fui lá muito sonhadora e sempre tive meus pés bem presinhos ao chão. Príncipe encantado pra mim, só mesmo nos contos de fadas e, cá pra nós, eu achava todos aqueles príncipes uns chatos inertes. Nunca esperei pelo meu. Nunca acreditei que ele fosse chegar num lindo cavalo branco, que me livrasse das agruras de uma torre isolada e me levasse pra um lindo castelo onde teríamos lindos filhos.

Mas a vida nos apronta cada uma. E ele veio. Veio num Tipo Prata, pra me livrar das agruras de uma vida de solteira-danada-que-não-parava-quieta e me levar pra uma casa onde teríamos 3 gatos e uma cadela.

Essa, com certeza é a parte mais bonita e mais fácil de um conto de fadas. Mas e depois do "E foram felizes para sempre"? Ninguém nunca contou o que aconteceu. Se o príncipe roncava ou a princesa acordava mal-humorada. Se a TPM dela era insuportável ou se as contas a pagar eram preocupantes.

E é aí que começa uma verdadeira história de amor. O príncipe de verdade só precisa estar disposto (assim como você) a escrever essa história ao seu lado. Juntos, com certeza, essa história vai ter um final muito, mas muito feliz.

Então, amiga, não desista de esperar pelo seu príncipe. Mas reexamine suas expectativas. Espere da maneira certa, pelo homem certo. Ele existe, eu sei. Eu encontrei o meu (e olha que eu sou chata), então o seu está por aí...

P.S.: Ou iéis, hoje eu estou beeem melhor...

quarta-feira, agosto 11, 2004

Biblioteca Básica

Recém publicado pelas Megeras, não poderíamos deixar de indicar, como livro de cabeceira, leitura obrigatória para você, homem moderno, que anda perdido no meio da mulherada, o Manual Prático Para Bofes Bem. Clique aqui, confira e decore!




terça-feira, agosto 10, 2004

Atendendo a pedidos

Esse post aqui é pra atender a um pedido bastante especial...hehehe.

Há muuuuitos anos atrás eu estava na casa de uma amiga, quando ela me veio com aquele papo, de que conheceu um cara na academia que era certinho pra mim, que a gente combinava muito, que ele era lindo e tal, e que ela pre-ci-sa-va me apresentar o tal amigo. Falando isso ela passou a mão no telefone e ligou pro tal sujeito.

"- Pronto, ele tá vindo pra cá pra te conhecer!

- Tá louca Michelle?

- Ué, tô nada. Você tá solteira, ele também, vocês se conhecem logo e se rolar um clima, pronto!"

Como num dava mais pra fazer nada, fiquei ali, esperando o tal sujeito. Ele chegou, interfonou e a gente desceu.

Pra começar, ele num era nada lindo. Mas tudo bem, eu também num sou e beleza nunca foi parâmetro pra nada na minha vida. Conversamos por 15 minutos, ele tava indo pra academia e minha (in)conveniente amiga marcou de sairmos mais tarde. Os três. Achei ótimo. Ainda num conhecia o cara, vai que é um doido, ou pior, um chato?

Na hora marcada cheguei na casa da minha amiga. Ela estava de pijamas, com um sorriso sacana no rosto.

"-Eu num vou não..."

Ah, que bom! Mais um blind date na minha vida, era tudo o que eu precisava. Detalhe: ele tinha ligado, dizendo que o irmão dele pegou o carro e ele tava sem ter como ir. Lá fui eu pegá-lo em casa.

Cheguei lá o cara desceu e a gente ficou conversando debaixo do prédio. E conversando... e conversando... Fiquei mais de uma hora e meia embaixo daquele prédio falando bobagens. Sim, porque nem assunto em comum a gente tinha, só amenidades, "como está o tempo, há quanto tempo você malha, como vai a faculdade"... Eu tava toda arrumada pra sair e o cara num desecalhava daquele prédio.

Lá pelas tantas ele vira e diz: "-Nossa, estou com fome! Vamos lá na 405 sul?"

Uêpa, beleza! 405 sul, mais conhecida como Rua dos Restaurantes, ou iéis, vamos, pelo menos, sentar num lugar legal pra comer! Agora sim, a noite estava começando.

Quando chegamos na 405 sul ele fala: "-Entra aqui na quadra, pode parar ali na entrada".

Ué... Os restaurantes são mais pra lá amigo, lá na comercial, o que eu vou fazer aqui na entrada da quadra? É quando o indivíduo larga a pérola: "- Adoro o cachorro-quente daqui, vou comer um e já volto... Quer um também?"

Gente, juro-por-Deus, nada contra comer cachorro-quente de carrocinha, eu adoro, mas imaginem a situação! Eu, toda arrumada, maquiada, cheirosa, pronta pra uma noite divertida com o tal fulaninho-feio-e-nem-tão-simpático, e ele querendo que eu sentasse numa mesinha de ferro, na rua!!! Num dava, num dava...

Proferi um "não, obrigada" (o mais seco e mal-humorado que consegui) e fiquei dentro do carro esperando. Lá pelas tantas, depois de dois cachorros-quentes e um refri, volta o tal e manda, inacreditavelmente, com a cara mais lavada da face dessa terra: "-Gata, tem cinco contos aí?"

Sim, senhoras e senhores, ele ainda me pediu dinheiro pra pagar o cachorro!!! Pensei rapidamente nas opções:

1) Ligar o carro e ir embora na mesma hora

2) Fingir que não tinha escutado

3) Dizer que não tinha dinheiro, que estava esperando que ele pagasse a conta do restaurante francês no qual eu pretendia jantar depois

4) Dar logo os "cinco contos" pra ele e dar fim naquela noite dos infernos.

Opção 4 escolhida, deixei o dito cujo em casa e nunca, nunca mais, juro de pé junto, atendi a um telefonema sequer desse cara. Sim, porque ele me ligou depois disso, e ainda mandou recados pela minha amiga, que tinha gostado de mim, que não entendia porque eu não queria mais vê-lo e etc etc etc...

Alguém aí vai me dizer que eu não tinha motivo?

P.S.: Pronto, agora você tá no blog. Pedido atendido querido?

segunda-feira, agosto 09, 2004

Sessão Fotolog

Essas três moçoilas blogueiras almoçam toda sexta-feira juntas. Aproveitamos o momento para colocar as novidades na mesa, rir bastante e comer despudoradamente (sempre com direito a sorvete de creme com calda de banana de sobremesa).

Nessa última sexta aproveitamos também para mostrar nossos dotes "Top Models", afinal, não somos apenas mulheres inteligentes, somos carinhas bonitas e corpitchos sarados...



Fabby e Kika em demonstração explícita de amor. Foto tirada por Lu.



Lu e Fabby disputando pra ver quem tem os olhos mais bonitos. Foto tirada por Kika.


Lu e Kika se comportando porque querem voltar ao restaurante. Foto tirada por Fabby


P.S.: Num tem foto das três juntas, porque o garçom, como fotógrafo, era um excelente garçom...

domingo, agosto 08, 2004

O calcanhar de Aquiles ou A arte de enfiar o dedo na ferida

Ontem, em uma missão suicida, fui ao shopping com a minha irmã e com a minha sobrinha comprar o presente do papai. Quando estávamos atravessando a rua, a minha sobrinha fez sinal na faixa de pedestre e um cara não parou. Quando ele passou por mim (o trânsito estava bem lento), iniciamos um diálogo delicado e educativo:

Eu: "Olha a faixa de pedestre, ô educado!"
Ele: "Piranha!"
Eu: "Só se você estiver falando com a sua mãe!"
Ele: "Vagabunda!"

Uma pessoa de poucas, porém significativas palavras, não?

Bom, eu fiquei com muita vergonha de ter feito aquela cena na frente da minha sobrinha, que tem só dez anos. Mas o que me deixou pensativa pelo resto da noite foram as palavras que ele usou para supostamente me ofender.

Estamos mais evoluídos no quesito liberação sexual, é verdade. Mas por que, sempre que uma pessoa quer ofender outra, usa termos relativos ao comportamento sexual, e com tom depreciativo? Se o alvo é uma mulher, as palavras são "piranha", "galinha", "vagabunda" e outras semanticamente semelhantes. Se for um homem, "bicha", "viado" (com "i" mesmo)...

E se eu , de fato, fosse uma piranha? No que ele estaria me ofendendo? Já tive minhas fases de galinhagem e admito sem me sentir diminuída. Nem participo daquelas conversas que rolam entre amigas, onde é revelado o número de relacionamentos que cada uma teve. Eu não tenho esse registro. Mas posso garantir que beijei e transei muito menos do que gostaria.

E no caso dos homens? Ser chamado de bicha ou de viado ofende? A opção sexual interfere no seu caráter? Chamar de bicha é a mesma coisa que chamar de ladrão?

Vamos reescrever a cena:

Eu: "Olha a faixa de pedestre, educado!"
Ele: "Egoísta, pessoa que não se importa com outros!"
Eu: "Só se você estiver falando com a sua mãe!"
Ele: "Incompetente, não consegue fazer seu trabalho direito. Burrinha!"

Aí sim, ele chegaria mais perto de me ofender. Mas não ofenderia, porque sei quem eu sou. E ele nem me conhece...

sexta-feira, agosto 06, 2004

P.S.

Conversa básica na hora do almoço:

Kika®: "Vem cá, cês num vão postar lá naquela bodega não é? Só eu que posto?"

Lu: "Ah é. Vou postar hoje, pódexá."

Fabby: "Ah, então vou postar amanhã."

É o famoso blog-rodízio.

Cara valente

Essa aconteceu há vários meses. Na época, não tive estômago para comentar com ninguém, tamanho o susto. Agora, que já passou, dá pra rir da história.

Voltava eu do Parque da Cidade, muito calminha (para mim, o Parque é terapêutico), quando recebo uma tremenda fechada de um cara que vinha dirigindo feito maluco. Só não bati porque tinha visto o sujeito antes e até esperava que ele aprontasse alguma. Ato reflexo, abaixei o vidro e pus a mão para fora, apenas um dedo esticado (não preciso dizer qual).

Pois num é que o cara quis dar uma de macho? Jogou o carro em cima do meu, e meteu o pé no freio, bem na minha frente. Não bati por pouco, mas meu carro encostou no dele.

Desceu já fazendo o maior escândalo, tentando abrir a porta do meu carro (trancada por dentro) e gritando "desce do carro, desce do carro agora!".

Como não devia nada, desci. O sujeito fez drama, disse que eu ia ter que pagar o conserto do carro. Falei que não estava preocupada com isso, tinha seguro e, se tivesse amassado, pagaria. Só que não tinha nem um arranhão no carro dele. Nem poeira.

Então, o engraçadinho começou a me dizer desaforos, a xingar a minha mãe e a dizer "ninguém dá o dedo pra mim". Uma mulher que não tinha nada a ver com a história estacionou o carro e veio me dar apoio moral e verbal: "Eu vi tudo, moça. Você não fez nada de errado, esse maluco é que te fechou."

A essa altura, meus joelhos tremiam de raiva e medo (claro!) e tive de encostar no carro. Minha língua, felizmente, permanecia bem afiada e, sem aumentar o tom de voz (não queria virar barraqueira), respondi que ele não tinha condições mentais de estar no trânsito etc. e tal.

A senhora falou: "Moça, vamos à delegacia? Vamos prestar ocorrência?". O cara continuava berrando e xingando, com toda a sua macheza.

O detalhe é que isso tudo aconteceu em frente ao Batalhão de Polícia de Trânsito do Sudoeste. Em poucos minutos (que pareceram uma eternidade para mim), uma viatura encostou do nosso lado e quis saber o que tinha acontecido. A senhora, testemunha ocular de tudo, narrou a história ao PM. E o sujeito muito macho? Onde foi parar?

Sumiu, evaporou, escafedeu-se. Quando percebemos, já estava dentro do carro dele. Ainda tive tempo de chegar até a janela do filho da mãe e falar "Agora que a polícia chega, você foge, né, covarde?"

Fugiu quietinho, sem dizer mais nada.

Agora, me diz: se eu fosse homem, o babaca teria tido essa coragem toda de:
1. me fechar;
2. tentar provocar uma batida;
3. descer do carro, todo posudo;
4. me ameaçar?

Não, acho que não.

quarta-feira, agosto 04, 2004

Igualdade é o "Ó"

[ Para não ser crucificada, antes de tudo devo dizer que sou uma mulher independente. Que ninguém paga minhas contas, que ganho bem, que adoro (aliás, prefiro) que meu homem cozinhe pra mim e que jogo futebol. Então, lá vai... ]

Eu não sou a favor da igualdade entre os sexos. Acho que existem coisas que só homens deveriam fazer. Outras, só mulheres. Queria saber quem foi a desgraçada que queimou aquele primeiro soutien e ainda me meteu no meio dessa história. Mas calma, antes que as feministas de plantão me batam, vou me explicar.

Homens e mulheres estão vivendo uma época muito, mas muito confusa. Antes eles eram machões, machistas, provedores e cabeças da família. Mas as mulheres queriam mais. Queriam poder ocupar esses lugares. Hoje elas também são provedoras, cabeças da família, feministas e femininas.

Hoje nós dizemos aos quatro cantos que não há mais lugar para os homens de antigamente. Aí está o problema. Também não sabemos dizer aos homens o que queremos deles nos dias de hoje. Clamamos por um homem mais sensível, o tal discurso “homem-também-chora”, mais ligado à família, que divide as responsabilidades dos filhos, da casa, das contas com a mulher.

Êpa, peraí! Chorar? Contas? Problema. Queremos um homem sensível, que divida as responsabilidades, mas ainda queremos que ele pague a conta do motel ou do restaurante. Queremos um homem sensível, que saiba chorar, mas ainda queremos o machão que olha de cara feia para o fulaninho que nos paquerou na rua ou que sinta ciúmes daquela nossa minissaia.

Onde está a igualdade se não mandamos flores ou abrimos a porta dos carros pra eles? Precisamos, homens e mulheres, descobrir o que realmente queremos uns dos outros. Principalmente nós, mulheres, que tanto mudamos ao longo desse tempo, que tanto clamamos por essas mudanças e esquecemos que nossos homens ficaram perdidos no meio do caminho.

Expliquei-me?

P.S.: E ainda estou querendo saber quem foi a desgraçada que queimou aquele primeiro soutien...

terça-feira, agosto 03, 2004

Distâncias

Diferença de idade;
Diferença de classe social;
Diferença de cultura, de religião, de gostos;
Distância geográfica.

Listei algumas das justificativas para o fim de um amor. Relendo a lista, lembrei aquele termo jurídico: incompatibilidade irreconciliável de gênios. Para mim é redundância. Se for incompatível, não tem como conciliar. Alguém pode me provar o contrário?

Bom, mas eu não concordo com a lista acima. Porque eu já vivi todas essas diferenças e posso garantir que nenhuma delas me fez terminar um relacionamento. O que me fazia deixar de gostar, de querer estar perto, era a tal da incompatibilidade tão incompatível que chegava a ser irreconciliável: a diferença de posicionamento.

Vamos raciocinar juntos (você mais, que hoje eu estou com preguiça): duas pessoas de idades diferentes podem se dar bem se tiverem a mesma postura diante da vida. Se esperarem as mesmas coisas, se tiverem objetivos semelhantes. O mesmo acontece com os casais que vieram de classes sociais diferentes, com os que têm níveis culturais diferentes, com os que moram distante um do outro.

Eu digo isso porque acredito que um relacionamento tem a função precípua de nos fazer melhores, de nos empurrar para frente – de vez em quando, caímos num buraco, mas é disto que a vida é feita: de surpresas!

Quer um exemplo? Tive um relacionamento-expresso com uma figura que até hoje assombra minhas noites insones. Ele era teoricamente perfeito: dois anos mais velho que eu, instruído, culto, financeiramente equilibrado (o que, para mim, é lenda), bonitão, tamanho standard. Um dia, resolvi levá-lo à casa de uma amiga, casada com um homem bem mais velho que ela, chiquetérrimo, um poço de classe. Tudo estava indo muito bem, até que, no meio da conversa, o celular dele toca. Tudo bem, isso acontece. Mas ele começou a falar alto, discutindo uma entrega que a empresa dele precisava fazer. Não preciso dizer que a conversa parou. Ficamos escutando a negociação de prazos, o fornecimento de informações. Depois de uns dez minutos (uma eternidade, no caso), eu cheguei perto dele e perguntei: “Não seria melhor você ir até a outra sala?”. Ao que ele respondeu: “Não, o que é isso, vocês não estão me atrapalhando”.

Tá vendo? Falta de educação, dirão alguns. Eu digo que é mais. É falta de uma postura legal diante da vida. E isso distancia. Ô...é um buraco e tanto!

segunda-feira, agosto 02, 2004

Crise, que crise?

A maioria das minhas amigas encontra-se no seguinte estado civil: Solteira Procurando. Elas reclamam muito da tal da crise afetiva, que o negócio tá feio, que anda difícil encontrar um cara legal ou levar um relacionamento decente, com compromisso, honestidade e coisa e tal. Mas isso não é exclusividade feminina. Meus amigos solteiros andam reclamando do mesmo jeito.

Lembrei que, há muito tempo atrás, eu estagiava na Defensoria Pública de Sobradinho, cidade aqui do Distrito Federal. A maioria da população lá é de baixa renda e uma boa parte é pobre-pobre-pobre-de-marre-de-si.

Num dia de plantão na defensoria, eu e duas amigas comentávamos sobre essa mesma crise (essa, da falta de homens/mulheres, da falta de compromisso, de relacionamentos decentes), quando o promotor de justiça, que por sinal era um dos nossos professores mais legais, apresentou sua tese sobre o assunto. Ele disse:

"- Meninas, essa crise só existe em determinadas classes sociais. Existe pra nós, pra mim, para os meus amigos, pra vocês, para as suas amigas. Mas se vocês repararem bem, não existe, por exemplo, para pessoas como as que vocês atendem diariamente aqui na defensoria. Pras pessoas pobres não existe essa crise afetiva. Acho que elas têm mais com o que se preocupar.”

Parei pra pensar. Realmente, ele tinha razão. Na defensoria, todos os dias, mas todos os dias, sem exceção, escutávamos as mesmas histórias. Maria foi morar com João, mas também namorava José. José largou de Maria e já estava indo morar junto com Ana. João, por sua vez, já namorava Lucia, que tinha 4 filhos, de 4 maridos diferentes e estava grávida de Marcos. Marcos era casado com Silvia, mas já tinha vivido com Ana. Se alguém ia lá dar entrada num divórcio, podem acreditar: já existia outro na jogada.

E era assim mesmo. As pessoas se separavam, casavam, namoravam e procriavam com uma facilidade imensa. Crise afetiva? Que nada! Podiam não ter grana, bens ou uma qualidade de vida considerada razoável, mas crise afetiva? Nunca vi ninguém reclamar da solidão, da falta de homens/mulheres, da ausência de compromisso entre as pessoas.

Meu querido professor estava certo. Embora eu não veja nenhuma lógica no raciocínio, na prática ele era correto. Alguém, por favor, sabe me explicar o por quê?

HELP!

APERTEM OS CINTOS! O CONTADOR DO BLOG SUMIU!

sábado, julho 31, 2004

Mal...Mal sapão...

Rapaz bonitinho-com-jeito-de-paquito entra no Mc Donald’s de mãos dadas com moça bonitinha-com-jeito-de-paquita. Na fila pra comprar o lanche, tudo muito romantiquinho, beijinhos, biquinhos, abracinhos. Sentam pra comer e tudo continua lindinho, batatinha na boquinha da moça, ela abre o sachezinho de ketchup pra ele, um nojinho.

De repente um grito: “- Fulana! Não acredito! Há quanto tempo!”. É uma outra moça também bonitinha-com-mais-jeito-ainda-de-paquita, amiga da primeira. Depois de gritinhos histéricos de animação e reconhecimento, as duas se abraçam longamente, como se não se vissem há milênios.

Enquanto esse longuíssimo abraço acontece, rapaz bonitinho-com-jeito-de-paquito, continua sentado na mesa e aproveita a visão privilegiada para, enquanto dá uma boa mordida num Big Mac, avaliar lentamente a, digamos, “traseira” da moça que chegou. De cima para baixo. De baixo para cima. Lentamente. Levou todo o tempo do mundo pra isso, aproveitando o eterno abraço das duas, com cara de quem está imaginando Deus-sabe-lá-o-que. Eu que não quero nem saber.

Coisa feia, hein!

sexta-feira, julho 30, 2004

Não é bagunçado, não!

Sou uma pessoa que gosta de contato físico.  Gosto muito, na verdade. Isso é um fato.

Outro fato é que tenho vários amigos do sexo masculino. Uns mais próximos, outros mais distantes. Já quase não vejo alguns deles, mas continuam sendo amigos. Sabe aos oito anos de idade, quando meninos e meninas só não se estapeiam porque a “tia” tá por perto? Nessa época, já tinha amiguinhos.

Vai daí que, juntando os dois fatos, temos uma coisinha interessante: é um costume meu ter contato físico com meus amigos. Abraços, beijinhos, carinho.

Claro que isso me gera problemas. Se não gerasse, não estaria tratando do assunto aqui.

O primeiro e mais óbvio inconveniente é que isso dificulta possíveis paqueras. O cara que talvez estivesse interessado em mim vai ficar na dúvida: “ela está dando em cima daquele sujeito?”. Ou até: “será que eles são namorados?”.

Quanto a esse aspecto, nem tenho o direito de falar alguma coisa. É como ir à boate com três ou quatro amigos (meu Deus, perdi a conta de quantas vezes já fiz isso!) e achar ruim porque nenhum carinha dá em cima. Não dá pra reclamar.

Outro problema é ser julgada e rotulada como “fácil” por quem está de fora: “olha lá, tava com um carinha há cinco minutos; agora, já tá abraçada com outro”.

Francamente, estou me lixando para esse tipo de crítica. Eu sei o que sou e o que estou fazendo. As pessoas próximas a mim – as únicas que realmente importam – também sabem. O resto do mundo que tenha suas próprias opiniões.

Agora, existe uma questão que realmente me tira do sério. É que alguns sujeitos não têm o menor senso. Acham que, porque fico abraçada com Fulano ou Beltrano, fico abraçada com qualquer um. Pensam que é só ir chegando.

Calma lá! Aqui não é a casa da mãe joana, não!

Caro atrevido, você me conhece? Sabe algo além do meu primeiro nome? Nós já batemos papo? Já conversamos sobre assuntos pessoais, coisas além de “nossa, como faz frio nessa cidade”? Você pode me dizer verdades e brincar comigo sem submeter-se à possibilidade de eu nunca mais lhe dirigir a palavra?

Se a sua resposta foi “não” a qualquer uma dessas perguntas, fique na sua.

Contato físico é coisa que tenho apenas com amigos, entendeu?

E nem é com todo amigo. Coloquemos assim: todas as pessoas com quem tenho esse tipo de contato são pessoas de quem gosto; mas não sou de ficar abraçada com todo mundo de que gosto. Coisa de personalidade, jeito, temperamento. Ou o que quer que seja.

Outra coisa: antigüidade, nesse caso, não é posto. Tem gente que conheço de longa data, e não tem esse tipo de apoximação.

Em resumo: não é só ir chegando. Existem regras. Minhas regras.

E tenho dito.

Te mete!!!

Hehehe...

Hohoho...

Hihihi...

Propaganda linda e gratuita no blog DELE.

ELE que é o número um na lista da mulherada.

ELE que povoa os sonhos até mesmo da mais recatada das mulheres.

Obrigada CANALHINHA
querido!

quinta-feira, julho 29, 2004

Admitindo erros...

Certa feita (isso há muuuitos anos atrás), conheci um rapaz. Vamos chamá-lo aqui de “rapaz-com-cara-de-bonzinho”. Ele era simpático, bonito, educado e trabalhador. E tinha cara de bonzinho. Primeiro da fila na lista de todas as sogras. Na minha lista também. Até que finalmente conseguimos combinar de sair.

No dia marcado, o tal rapaz-com-cara-de-bonzinho me liga e diz: “- Hoje preparei uma noite especial pra nós dois. Vamos pra uma adega bem aconchegante, apreciar uma bela tábua de queijos e um bom vinho.”

Ui! Romântico o menino, hein! Só um pequeno probleminha: Não bebo vinho e queijo, pra mim, só existe em 4 tipos – aqueles que vem na pizza. Mas e eu lá ia estragar a nossa noite romântica? Ainda não estava maluca né? Lá fomos nós...

Vocês já podem visualizar, mais ou menos, o estado em que esta pessoinha se encontrava lá pelas tantas da madrugada... Bebi vinho como se fosse água, tapando o nariz, e comi todos aqueles queijos multicores que estavam na tábua. Até os mais verdes! Resultado: saí da tal adega tropeçando nas próprias pernas e completamente enjoada, educadamente amparada pelo rapaz-com-cara-de-bonzinho. Até aí tudo bem. Porém...

Os tais queijos começaram a fazer uma revolução no meu estômago. Parecia que ia sair um alien de dentro da minha barriga. Tudo rodava que era uma beleza e eu estava prestes a passar mal dentro do carro último modelo e cheirando-a-novo do rapaz-com-cara-de-bonzinho.

Quando avisei que ia passar mal ele parou no acostamento e veio, todo solícito, segurar a minha testa. Ah, sim, obrigada, tudo o que eu queria... Até chegar em casa passei mal mais umas 4 vezes. Todas devidamente amparadas pelo rapaz com cara de bonzinho. Chegando lá, mal me despedi, saí correndo pra casa e desmaiei na minha cama, de roupa e tudo.

No dia seguinte, o castigo: uma puuuuuuta ressaca, a cabeça pesando 130 Kg, aquele bafo-de-onça-sabor-queijo-não-identificado e minha mãe sentada no pé da minha cama morrendo de rir da história toda. Ela me disse que ele tinha sido uma gracinha, educado e atencioso comigo. Eu, ao contrário, queria desaparecer e nunca mais olhar pra cara do rapaz. Com certeza ele também estaria pensando o mesmo de mim.

Mas qual não foi a minha surpresa quando toca o telefone e minha mãe, toda serelepe, anuncia: “- É ele!”. Aiaiaiaiai... Atendi ao telefone bastante sem graça. Ele perguntou se eu estava melhor, como eu estava me sentindo e tal. Eu falei que estava bem e pedi desculpas pelo vexame da noite passada. Foi aí que ele mandou a pérola: “- Mas sabe que até vomitando você é uma gracinha?”
 
Acho que nem preciso dizer que eu nunca mais atendi aos telefonemas do rapaz . Fiquei assustada né? Tá certo, ele foi educado, eu devia ter deixado passar, mas isso é coisa que se diga? Eu sei, eu sei, eu errei, desde o princípio, quando não falei do vinho e dos queijos. Errei quando dispensei o rapaz apenas porque ele foi educado e bonzinho demaaaaaisss. Pelo menos estou aqui admitindo que fiquei assustada e errei!

Mas não me arrependo não. Depois que eu parei de atender os telefonemas do rapaz-com-cara-de-bonzinho, ele ficou bastante chateado. A ponto de começar a espalhar pra vários conhecidos nossos que não queria mais sair comigo porque já tinha conseguido o que queria. E nem tinha gostado muito... Rapaz-com-cara-de-bonzinho acabou virando rapaz-com-cara-de-idiota pra mim... Será que um dia ele também vai admitir que errou?

terça-feira, julho 27, 2004

Assunto não vai faltar

Primeiro, o pai. Muito carinho e mimo. A mãe diz que não. Papai diz “pode, sim”. A gente se derrete.

Aí, aparecem os coleguinhas da escola. Brigas, disputas, clubinhos menina-não-entra, perseguições com bichos asquerosos. Eles sentem prazer em irritar. A gente não entende como podem ser tão chatos.

Mais tarde, o professor. Admiração e suspiros – que menina nunca teve uma quedinha por aquele professor charmoso e tão inteligente?

Ah, sabe aqueles moleques chatos? Pois é, cresceram. Agora, ao invés de correrem atrás da gente com lagartixa morta, correm atrás de um beijo. Enquanto isso, já arrastamos asa pros carinhas da faculdade, tão “adultos” aos nossos olhos adolescentes.

E por aí vai. As primeiras paqueras, o primeiro beijo, os amassos, o fora, as lágrimas, tudo de novo, o frio no estômago, o irmão ciumento, será-que-ele-vai-ligar-amanhã, o melhor amigo gay, toneladas de inseguranças, o amor-pra-toda-vida que acaba, o rolinho de fim-de-semana, o chato, o bom de cama, o namorado da amiga que atrapalha a amizade, o pegajoso, o vamos-ser-apenas-amigos...

Não dá pra evitar. Eles permeiam toda a nossa vida. São fonte constante de aflições, angústias, tristezas. E também de alegrias, momentos de cumplicidade, horas que deveriam ser eternas de tão boas.

O que seria da nossa vida sem os homens? Mais calminha? Talvez. Certamente, seria muito mais sem graça.

Uma amostra...

Pois é pessoas...

Depois de muito suor e lágrimas (nada de sangue senão eu desmaio) ficou pronto o nosso espaço.

Pra que a gente possa falar DELES.

E olha que a gente PODE e DEVE falar DELES.

Eu mesma cresci num mundinho cheio DELES. Irmãos, amigos, chefes, namorados, marido (ex), etc...

A Fabby (viu lá embaixo?) resolveu falar do papi. A Lu deve aparecer com alguma surpresa boa por aí. E eu, por enquanto, vou ser mais genérica...

Apenas um aviso aos rapazes: esse não é mais um blog feminista e não vamos passar dia e noite metendo o pau em vocês (a não ser que vocês mereçam, claro).

Temos um olhar esperançoso para a relação entre homens e mulheres. Por isso estamos aqui. Para aprender, para ensinar (quem sabe?), para mostrar que tudo o que acontece entre nós, acontece todos os dias, com todas as mulheres e todos os homens do mundo.

Pra mostrar o que é bom de continuar acontecendo. Pra mostrar o que não é tão bom e poderia melhorar...

Pretensão nossa? Pode até ser... E por que não?

Doces Lembranças

Interessante essa questão da memória. Memória emocional, seletiva, eu quero dizer. Há dias, semanas, meses inteiros em que eu experimentei sensações muito boas, em que eu me diverti muito, mas dos quais eu não guardo a mínima lembrança. Mas, para contrabalançar, guardo de coração alguns momentos, alguns segundos, gestos, olhares...

Lembro uma noite, já eram umas nove horas, eu ainda estava no trabalho, diante da tela do micro, sem coragem de voltar para casa. Tudo por causa de um homem. Diante de mim, a tela com alguma notícia, da qual eu não me recordo e, sobre a mesa, o resultado de um exame. Eu estava me sentindo paralisada, como se fosse personagem de um autor que, de repente, sofre de uma ausência de criatividade. Não havia na minha cabeça a idéia da próxima fala, do próximo movimento.

O resultado daquele exame já era esperado há tempos. E como foi adiado! Como foi discutido, brigado, gritado, calado, sussurrado...o exame era do meu pai. E o resultado dizia que ele tem uma atrofia cerebelar. Não vou falar desse problema porque ele não é o motivador, o fim das coisas. Nenhuma doença é. Os problemas de saúde são pontos de partida.

Vou falar do meu pai. Sempre escutei histórias das minhas amigas sobre as coisas que os pais faziam para elas. Presentes, surpresas, domingos no parque, no clube. Meu pai nunca foi assim. Sim, ele dava presentes, sim, ele nos levava ao clube, ao parque. Mas nunca se permitiu realmente nos acompanhar. Nós é que o acompanhávamos. Talvez porque a minha mãe sempre tenha sido ultraprotetora e, aí, não sobrava muito espaço para ele. Talvez porque não houvesse essa vontade nele, o que eu acredito ser mais provável. Os primeiros pedaço sempre eram para ele. Os melhores bombons. Os nossos silêncios. Um dia, na escola, tive que fazer uma redação sobre o que aprendi com o meu pai. Fiquei meio sem saber o que escrever, mas depois me veio a verdade que trago no meu coração até hoje. Meu pai me ensinou a não esperar nada de ninguém. A lutar pelo que eu queria sozinha. A acreditar no meu potencial.

Então, vieram os primeiros sintomas. As alterações de humor, os esquecimentos, o falar sozinho, os delírios. E ele virou uma criança. Ia trabalhar, tinha todas as atividades normais de um adulto, mas em casa era uma criança. E foi difícil aceitar isso. Porque um pai deveria proteger, e não ser protegido. Deveria apoiar, e não precisar de apoio. Mas deixei falar mais alto o que eu havia aprendido com ele há anos: não esperar nada. Amá-lo. Simplesmente.

Um dia, ele esqueceu quem eu era. Ficou desconfiado, perguntou quem era aquela moça que estava dentro da nossa casa. Eu chorei muito. Mas decidi continuar o exercício de amá-lo, sem esperar nada. Eu o levava à hidroterapia, ajoelhava para calçar as sandálias dele, secava e penteava o cabelo dele, escutava as suas histórias, de que era o melhor da turma, de que tinha melhorado muito, sempre fazendo esforço para entender aquela voz enrolada.

E ele melhorou. Não 100%, é lógico, mas melhorou. E, no dia em que descobri que tenho um tumor na hipófise, fui comunicar à minha família. Falei brincando, tentando não dar uma importância maior do que era preciso. E o meu pai chorou. E disse: "Filha, você me ajudou tanto quando eu estava ruim. Fico triste por pensar que não posso ajudar você agora". E estava ali. Todo o retorno que eu esperei dele. Ele sabia, tinha consciência de que eu o havia ajudado. Era mais do que eu poderia esperar.