quinta-feira, julho 29, 2004

Admitindo erros...

Certa feita (isso há muuuitos anos atrás), conheci um rapaz. Vamos chamá-lo aqui de “rapaz-com-cara-de-bonzinho”. Ele era simpático, bonito, educado e trabalhador. E tinha cara de bonzinho. Primeiro da fila na lista de todas as sogras. Na minha lista também. Até que finalmente conseguimos combinar de sair.

No dia marcado, o tal rapaz-com-cara-de-bonzinho me liga e diz: “- Hoje preparei uma noite especial pra nós dois. Vamos pra uma adega bem aconchegante, apreciar uma bela tábua de queijos e um bom vinho.”

Ui! Romântico o menino, hein! Só um pequeno probleminha: Não bebo vinho e queijo, pra mim, só existe em 4 tipos – aqueles que vem na pizza. Mas e eu lá ia estragar a nossa noite romântica? Ainda não estava maluca né? Lá fomos nós...

Vocês já podem visualizar, mais ou menos, o estado em que esta pessoinha se encontrava lá pelas tantas da madrugada... Bebi vinho como se fosse água, tapando o nariz, e comi todos aqueles queijos multicores que estavam na tábua. Até os mais verdes! Resultado: saí da tal adega tropeçando nas próprias pernas e completamente enjoada, educadamente amparada pelo rapaz-com-cara-de-bonzinho. Até aí tudo bem. Porém...

Os tais queijos começaram a fazer uma revolução no meu estômago. Parecia que ia sair um alien de dentro da minha barriga. Tudo rodava que era uma beleza e eu estava prestes a passar mal dentro do carro último modelo e cheirando-a-novo do rapaz-com-cara-de-bonzinho.

Quando avisei que ia passar mal ele parou no acostamento e veio, todo solícito, segurar a minha testa. Ah, sim, obrigada, tudo o que eu queria... Até chegar em casa passei mal mais umas 4 vezes. Todas devidamente amparadas pelo rapaz com cara de bonzinho. Chegando lá, mal me despedi, saí correndo pra casa e desmaiei na minha cama, de roupa e tudo.

No dia seguinte, o castigo: uma puuuuuuta ressaca, a cabeça pesando 130 Kg, aquele bafo-de-onça-sabor-queijo-não-identificado e minha mãe sentada no pé da minha cama morrendo de rir da história toda. Ela me disse que ele tinha sido uma gracinha, educado e atencioso comigo. Eu, ao contrário, queria desaparecer e nunca mais olhar pra cara do rapaz. Com certeza ele também estaria pensando o mesmo de mim.

Mas qual não foi a minha surpresa quando toca o telefone e minha mãe, toda serelepe, anuncia: “- É ele!”. Aiaiaiaiai... Atendi ao telefone bastante sem graça. Ele perguntou se eu estava melhor, como eu estava me sentindo e tal. Eu falei que estava bem e pedi desculpas pelo vexame da noite passada. Foi aí que ele mandou a pérola: “- Mas sabe que até vomitando você é uma gracinha?”
 
Acho que nem preciso dizer que eu nunca mais atendi aos telefonemas do rapaz . Fiquei assustada né? Tá certo, ele foi educado, eu devia ter deixado passar, mas isso é coisa que se diga? Eu sei, eu sei, eu errei, desde o princípio, quando não falei do vinho e dos queijos. Errei quando dispensei o rapaz apenas porque ele foi educado e bonzinho demaaaaaisss. Pelo menos estou aqui admitindo que fiquei assustada e errei!

Mas não me arrependo não. Depois que eu parei de atender os telefonemas do rapaz-com-cara-de-bonzinho, ele ficou bastante chateado. A ponto de começar a espalhar pra vários conhecidos nossos que não queria mais sair comigo porque já tinha conseguido o que queria. E nem tinha gostado muito... Rapaz-com-cara-de-bonzinho acabou virando rapaz-com-cara-de-idiota pra mim... Será que um dia ele também vai admitir que errou?

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