sexta-feira, agosto 06, 2004

Cara valente

Essa aconteceu há vários meses. Na época, não tive estômago para comentar com ninguém, tamanho o susto. Agora, que já passou, dá pra rir da história.

Voltava eu do Parque da Cidade, muito calminha (para mim, o Parque é terapêutico), quando recebo uma tremenda fechada de um cara que vinha dirigindo feito maluco. Só não bati porque tinha visto o sujeito antes e até esperava que ele aprontasse alguma. Ato reflexo, abaixei o vidro e pus a mão para fora, apenas um dedo esticado (não preciso dizer qual).

Pois num é que o cara quis dar uma de macho? Jogou o carro em cima do meu, e meteu o pé no freio, bem na minha frente. Não bati por pouco, mas meu carro encostou no dele.

Desceu já fazendo o maior escândalo, tentando abrir a porta do meu carro (trancada por dentro) e gritando "desce do carro, desce do carro agora!".

Como não devia nada, desci. O sujeito fez drama, disse que eu ia ter que pagar o conserto do carro. Falei que não estava preocupada com isso, tinha seguro e, se tivesse amassado, pagaria. Só que não tinha nem um arranhão no carro dele. Nem poeira.

Então, o engraçadinho começou a me dizer desaforos, a xingar a minha mãe e a dizer "ninguém dá o dedo pra mim". Uma mulher que não tinha nada a ver com a história estacionou o carro e veio me dar apoio moral e verbal: "Eu vi tudo, moça. Você não fez nada de errado, esse maluco é que te fechou."

A essa altura, meus joelhos tremiam de raiva e medo (claro!) e tive de encostar no carro. Minha língua, felizmente, permanecia bem afiada e, sem aumentar o tom de voz (não queria virar barraqueira), respondi que ele não tinha condições mentais de estar no trânsito etc. e tal.

A senhora falou: "Moça, vamos à delegacia? Vamos prestar ocorrência?". O cara continuava berrando e xingando, com toda a sua macheza.

O detalhe é que isso tudo aconteceu em frente ao Batalhão de Polícia de Trânsito do Sudoeste. Em poucos minutos (que pareceram uma eternidade para mim), uma viatura encostou do nosso lado e quis saber o que tinha acontecido. A senhora, testemunha ocular de tudo, narrou a história ao PM. E o sujeito muito macho? Onde foi parar?

Sumiu, evaporou, escafedeu-se. Quando percebemos, já estava dentro do carro dele. Ainda tive tempo de chegar até a janela do filho da mãe e falar "Agora que a polícia chega, você foge, né, covarde?"

Fugiu quietinho, sem dizer mais nada.

Agora, me diz: se eu fosse homem, o babaca teria tido essa coragem toda de:
1. me fechar;
2. tentar provocar uma batida;
3. descer do carro, todo posudo;
4. me ameaçar?

Não, acho que não.

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