quarta-feira, agosto 25, 2004

Shhh, faz silêncio...

Existem dois grandes tabus num relacionamento amoroso: a conversa e o silêncio.

Tente discutir a relação com seu homem. Ele mergulhará no silêncio de um mundo inatingível e indecifrável para você. Inúmeras vezes flagramos nossos namorados mergulhados nesse silêncio e, invariavelmente, soltamos a inútil pergunta: “No que você está pensando?”. Se ele disser que não está pensando em nada, você vai dizer que é mentira. Se ele disser que está pensando no Mengão você vai se magoar porque ele não está pensando em você.

Mas o fato é que os homens ficam muito mais em silêncio do que nós. E isso parece ser importante para eles. Eu, até hoje não consegui entender a importância do silêncio para os homens. Mas acho que tenho uma pista...

Num final de semana desses, após um belo almoço caseiro, eu e namorido deitamos juntos no sofá da sala, abraçadinhos, satisfeitos e felizes. Comecei a tagarelar, coisas sem importância, amenidades, acontecimentos da semana, ou simplesmente fiquei beijando sua bochecha sem parar e repetindo que o amo muito. De repente ele vira e manda a pérola:

“- Vamos fazer uma coisa?

- Vamos! O que?” – perguntei, já animada como sempre.

“- Vamos ficar 10 minutos em silêncio, só deitados e abraçadinhos?”

Hã??... Ca-la-ro que aquele “vamos” era “você poderia”... Me chamou de matraca na cara dura e ainda soou como um desafio, como se fosse impossível que eu calasse a boca e ficasse 10 míseros minutos em silêncio. Disse “vamos” naquela boa vontade do cacete e fechei o bico.

Ainda abraçado comigo, de vez em quando ele me olhava com um sorrisinho sarcástico pra ver como eu estava me saindo. E eu lá, impassível, naquela pose de quem estava acostumada a longos momentos silenciosos ao lado do ser amado.

Quando se passaram 5 minutos eu já estava completamente impaciente. Não conseguia ficar parada no sofá, qualquer posição me incomodava, meus pés não paravam quietos, os dedos ficavam se mexendo de nervoso. E mesmo estando prestes a gritar continuei sem soltar um pio. Foi aí que resolvi fechar os olhos pra ver se o tempo passava mais rápido. E foi aí que eu relaxei.

Abraçadinha com meu amor, de olhos fechados, no mais completo silêncio, comecei a pensar no quanto era bom estar ali, no quanto aquilo era gostoso. Sentia apenas as nossas respirações e o calor do nosso abraço. E consegui ficar em silêncio, sem pensar em nada! Quando abri os olhos tinham se passado bem mais que dez minutos e ele estava olhando pra minha cara e sorrindo.

Com aquele jeitinho sarcástico, disse alguma coisa como “nem doeu” ou “viu, você conseguiu”, e eu logo pulei do sofá bufando e pisando duro, dizendo pra ele não repetir mais isso que eu não ia mais fazer.

Mentirinha, claro. Vou fazer de novo. Esporadicamente, pra não acostumar, afinal, eu gosto de falar...

Shhh...

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