quarta-feira, junho 29, 2005

Afirmação pra quê?

Esse post é pra uma nova (e querida) amiga:

Numa conversa entre amigos, nossa amiga nos confidencia que fica chateada porque o namorado, quando atende o celular, nunca diz para o seu interlocutor que está em tal lugar, fazendo tal coisa e que está "com ela".

Todas nós já passamos por essa. Meu marido é um desses que atende o telefone e diz, "ah, eu estou no cinema". E ponto. Ele não diz "estou no cinema com a Kika" ou "estou no cinema com a minha esposa".

Conversando com ele sobre o desabafo de nossa amiga, ouvi o seguinte comentário: "Mas isso é bem feminino mesmo, bem coisa de mulher".

Ele me disse que essa afirmação de que o casal está junto é bem uma coisa feminina mesmo. Que a mulher tem uma necessidade maior dessa afirmação do que o homem. Nós nos damos ao trabalho de dizer "ah, estou aqui , em tal lugar com o meu marido" ou "estou fazendo tal coisa com o meu namorado".

E é verdade. Os homens sentem menos necessidade dessa afirmação. Eles sabem que nós estamos ali com eles. Quem mais precisa saber disso?

Por isso, amiga, vá ser feliz, você e seu homem. Afinal, vocês não precisam de mais ninguém pra isso.

quarta-feira, junho 22, 2005

Banco de memórias

Eu já fui besta o suficiente, confesso, para dizer que gostaria de apagar minhas memórias. Sim, já fui besta a esse ponto.

Agora, mais amadurecida e menos besta, mimo minhas memórias, trato-as a pãdeló, com a intenção de apagar a sensação de rejeição que possa ter ficado nelas.

Hoje o Theo entrou aqui na sala espalhando um perfume diferente. Disse ele que bateu uma nostalgia, que deu vontade de usar esse perfume que há tanto tempo não usava, que marcou um momento especial da vida dele.

As mulheres, então, começaram a debater sobre esse tema palpitante e chegaram à conclusão de que esse cheiro é cheiro "de namorado". Iniciou-se uma conversa muito gostosa, na qual começamos a enumerar coisas "de namorado":

- Halls de cereja;
- carteira de borracha da Company;
- All Star (todos);
- chaveiro com mosquetão;
- camiseta de banda de rock;
- pochete (eccaaa!!! Esse item causou uma discussão interessantíssima);
- música lenta dos anos 80 (mesmo para quem não é da época).

E aí, alguma dessas coisas fez você lembrar? Existem outras coisas "de namorado" na sua memória? Divide com a gente, vai...

E aos meninos queridos, agradecemos as memórias. Isso é o que importa. Como já disse a Lispector: amar é a nossa única salvação...

Ah, o perfume é o Styletto, de O Boticário...

segunda-feira, junho 20, 2005

Dia de "Monstruação"

Eu adoro a minha rotina diária. Acordo quase sempre de bom-humor, faço almocinho caseiro quando marido está em casa, adoro me arrumar pra ir trabalhar. Passo a tarde no fórum, faço minhas audiências, encontro outros colegas pra trocar uma idéia, tenho boas relações com juízes, promotores e os funcionários em geral. Compro aquele chocolate delicioso que vende na porta do Tribunal e como sem culpa. Atendo meus clientes no fim da tarde e eles sempre me rendem boas histórias e até alguns posts. Volto pra casa, morrendo de saudade dos meus "filhotes" e do marido. Brinco com Ariel e Ookla, que são mais afoitos e sentem mais saudades. Trago o danado do Frajola pra casa, pois o gato adora uma rua. Vejo se todos já comeram, têm água e estão acomodados pra dormir. Tomo um banho, faço um lanchinho, coloco as novidades em dia com marido e me preparo pra ver alguma programa que gosto na TV a cabo. Durmo tranquilinha enroscada no marido esperando por mais um dia...

Porém, sob uma outra ótica...

Você está menstruada, mal-humorada, com os nervos à flor da pele, a sensibilidade a ponto de explodir em choro, com cólicas e parecendo o Niágara. Agradece mentalmente a Deus por ser segunda-feira e você não precisa fazer almoço e nem lanche porque marido dá aula o dia todo e só chega tarde da noite. Mas ainda assim tem que acordar cedo, ficar linda, mesmo com a barriga toda inchada, arrumada, mesmo com roupa nenhuma cabendo em você, maquiada e cheirosa, ir trabalhar e parecer profissional, séria e comedida, mesmo estando em frangalhos por dentro de com vontade de gritar com o primeiro que te corta no trânsito. Não pode derramar uma lagriminha sequer quando sua cliente conta como o cachorro do ex-marido a traiu com a secretária oxigenada. Tem que ser paciente com o juiz que te recebe de má vontade e ainda quer te ensinar a advogar e com o energúmeno do funcionário do cartório que "perdeu" o seu processo. Tem que comer só UM Ferrero Rocher e não o pacote inteiro que está no escritório. Tem que ficar rondando os banheiros do fórum pra se certificar, a cada meia hora, que a merda do absorvente não "vazou" e mesmo assim você passa o dia com a impressão que sim e que todo mundo está vendo. Não pode esganar o primeiro abestado que te pergunta: "Que cara é essa? Tá de TPM, é?". Tem que aguentar aqueles advogados chatos, que parecem que engoliram o rei e só sabem contar vantagem. Tem que ir ao banco, receber os dois clientes mais chatos de galocha que você tem e ainda cumprir um prazo que deixou pra última hora. Antes de ir pra casa tem que passar no supermercado, na farmácia e em outro lugar que você só vai lembrar quando já estiver no portão de casa. Tem que fiscalizar os bichos antes de entrar, fazer a chamada, catar um dos gatos que insiste em dormir na porcaria da obra em frente, fazer carinho nos mais animados, dar um tapa na bunda daquele que arrastou a almofada do sofá da varanda pro meio da grama do jardim. Só aí é que você vai poder tomar aquele banho e se enfiar debaixo das cobertas, rezando pra que todas aquelas atrizes/modelos maravilhosas dos seriados da Sony morram e que esse dia termine de uma vez. E ai do marido se "relar" em mim...

segunda-feira, junho 13, 2005

Dexa vê si eu intendi!

Cena: uma mulher de camisetinha. Malhadinha, pode dar tchau sem passar vexame, cabelos sedosos, pele de porcelana. Em uma cozinha rústica, tendo ao fundo um cenário bucólico, prepara uns quitutes, embalada por uma suave brisa, que agita seus já citados sedosos cabelos.

Pega um vidro do que parecem ser palmitos. A tampa oferece alguma resistência, mas a moça logra abri-la com relativa facilidade.

De repente, ela pára. Devolve a tampa ao vidro e, com um voz rouca e envolvente, dirige-se ao guapo rapaz que trabalha em seu notebook.

"Rô, abre para mim?"

E ele, em toda a sua superioridade masculina, retira a tampa com um olhar magnânimo.

E a frase final: "Ser independente, sem deixar de ser mulher".

Das muitas uma: eu não entendi a profundidade psicosociológica do comercial; minha visão de mulher independente está um pouco equivocada; a peça publicitária é ridícula; a amargura se instalou de vez no meu coração; ainda não sou cínica o suficiente...

Kika, explica aí, amiga...

quinta-feira, junho 09, 2005

E daí?

Feliz é a Beatriz. Enquanto admira sua nova cobertura no Sudoeste, decorada por Filinto Madureira, o novo darling do who's who do Planalto, pensa nas possibilidades que a tarde lhe oferece.

Uma volta pelo shopping, talvez, para conferir as novidades daquelas lojinhas exclusivas, onde uma camiseta de malha 100% algodão, com aparência de quem acabou de ser cuspida por uma jibóia, custa a módica quantia de R$500,00...

Hummm... quem sabe uma chegadinha ao salão das estrelas, para retocar as unhas de 5cm com esmalte cor de berinjela... afinal, já não vai ao salão há dois dias...

Enquanto não decide, pega uma das revistas que a Isolina, sua personal assistant, deixou sobre a coffee table daquele designer muito famoso, cujo nome ela não lembra nem a pau.

Lá pela página 35, uma foto chama a sua (dela) atenção. Beatriz reconhece Lucília, sua colega de Obcursos, da época em que cometia desvarios como se inscrever em concursos públicos e passar noites a fio estudando Direito Constitucional.

Alguma coisa estava errada naquela foto... Lucília era a típica CDF. Seu destino era se tornar uma dessas servidoras públicas com maquiagem de mais e elegância de menos. Solteirona, encalhada, na verdade. Hobbies: assistir à televisão e caminhar no Parque da Cidade nas manhãs de domingo.

À medida que os olhos de Beatriz seguiam as letras da reportagem, nascia uma Lucília totalmente diferente, empresária bem sucedida, ativista social, casada com, nas palavras da repórter, "um modelo de perfeição masculina". Hobbies: snowboard e mergulho.

Sentindo a escova progressiva se arrepiar, Beatriz esquadrinhou a foto enorme. Pele de porcelana, usando um Raya De Goeye m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o, corpitcho em dia, sem sinais de silicone ou de lipo (mas isso é fácil de esconder). E os sapatos? Manolo Blahnik, com certeza...

Por que ninguém lhe dissera que dava para ter tudo? Isso, é claro, antes de ela cansar do modelito "moça-moderna-trabalhora-independente" e ceder aos apelos do Neto, pessoa de grande influência na Corte, que precisava de uma fachada para a sua orientação sexual diferente...

Dava para ser mulherzinha e mulherão, tudo ao mesmo tempo agora? Bom, agora era tarde... e ela não ia ficar pensando nisso... se pensasse, franziria a testa e arruinaria a bioplastia que fez no mês passado...

Apanhando sua bolsa Gucci, saiu para a vida, tal qual uma Scarlet O'Hara dos tempos modernos: "Vou deixar para pensar nisso amanhã".

sábado, junho 04, 2005

Os sapos nossos... amém.

Olha, se tem uma coisa que eu já fiz muito nessa vida, foi namorar.

Afinal, a fila anda e a gente tem que experimentar de um tudo (menos verduras e legumes) na minha modesta opinião.

Lendo a classificação que minha amilga Fabby fez no post abaixo, fiquei pensando nos meus sapos, digo, ex-namorados.

Teve um, imaginem só, o próprio homem-bomba. Não, calma. Ele não pertencia ao Al Qaeda ou outro grupo terrorista. Ele era bombado. Malhador. Só pensava em academia, corpo, malhação, bomba, mais corpo, saração, frequentava o salão de beleza, se depilava etc. Se achava lindo de morrer, não podia ver um espelho, era o protótipo do tal metrossexual de hoje. Apaixonado por ele mesmo.

Tá, o cara era gostosão, admito. Mas o cérebro era do tamanho da ereção dele. Sim, porque depois de tomar tanta bomba, ainda vão querer que o cara seja bom de cama? Nem... E eu ainda passei uns dois anos com ele. Vai entender...

Teve um que era o próprio "partidão". Advogado bem sucedido. Charmoso. Não bonito. Mas inteligente. Apaixonadérrimo por mim. Só que morava em outro estado, láaaaa longe. Esse, coitado, eu chifrei sem querer. E troquei ele por um que não tinha onde cair morto. Eu era jovem, entendam... E olha que ele se mudou pra cá por minha causa, e nem assim...

O tal que não tinha onde cair morto era separado, desempregado, tinha duas filhas e morava com a mãe. Cheio de problemas. Cheio de neuras. Mas tinha os olhos azuis mais incríveis que eu já vi na vida. E me hipnotizava. Mas não deu certo, por váaaarios motivos, alguns obscuros até mesmo para mim. E acabou...

Tinha um outro que era um largado. Super-mega-ultra-hiper-inteligente. Mas um largado. Um nerd. E largado. Magro que era só osso. E feio. Admito. O bichinho era feinho. Mas era super-mega-blablabla. Uma coisa. Com esse eu casei. Mas já separei também porque era meio doido...

Um outro era bonito, gostoso, inteligente, divertido. Tudoaomesmotempoagora. Mas era um tarado de marca maior. Até aí tudo bem. Se ele não viesse com umas histórias de swing, ou a 3, a 4, a mais... E como eu não topava, ele arregimentava outras que topassem. Dancei na história. Mas acho que foi melhor assim...

Sapos? Alguns sim. Outros nem tanto. Mas sabe de uma coisa? Acho que todos valeram a pena...rs.

quarta-feira, junho 01, 2005

Vai um sapo aí?

Algumas pessoas me perguntam se eu ainda estou procurando o meu príncipe encantado...

Não sei, vamos analisar os exemplos disponíveis:

1. O da Bela Adormecida – Ficou andando pelo mundo, conhecendo várias culturas, curtindo a vida, enquanto a mocinha levava uma maldição no meio dos cornos. Claro que o simbolismo não poderia ser melhor: a maldição se concretizaria por meio de um utensílio doméstico. E, enquanto o príncipe saracoteava por aí, a Bela ficou dormindo, criando teia de aranha, até o momento em que o "totoso" resolveu sentar praça...

2. O da Branca de Neve – Putz, a Branca enfrentou um monte de barra sozinha. Foi perseguida pela madastra, conseguiu argumentar com o caçador que queria arrancar o seu coração (sentido real), passou um tempo perdida na floresta, conseguiu se impor diante de sete homens (anões, mas homens). Um dia, por causa de uma maçã (de novo!), ela cai adormecida (de novo!). Aí vem o príncipe, que certamente estava curtindo a vida adoidado até então, e leva todo o mérito da história. E lá vai para a lama todo o vanguardismo de dona Branca.

3. O da Cinderela – Escrava... era isso que a bonita era. Do lar... lavava, passava, costurava, cozinhava. E era esquizofrênica: conversava com os ratos. E vivia no borralho. Ô, vida! O príncipe, tal qual participante de realiti shou, realiza uma festa para escolher a mais-mais do reino. Depois, só aceita a mulher cujo pé couber no sapatinho de cristal (quer imagem mais clara?).


Pergunta de novo: Fabby, vc está procurando um príncipe?

Eu respondo: Não, brigadinha, eu passo...

segunda-feira, maio 23, 2005

Mais uma vez AMOR...

(Se esse texto ficar com cara de livro de auto-ajuda, por favor, batam com a minha cabeça na parede...)

Ele diz EU TE AMO antes de você. Mesmo não tendo certeza absoluta, você diz que também o ama.

Ele diz EU TE AMO e dessa vez você sabe que é recíproco. Você confirma que também o ama.

Vocês dizem EU TE AMO várias vezes. Juntos.

Você diz EU TE AMO. E ele diz que também te ama.

Você diz EU TE AMO e ele muda de assunto, fingindo que não ouviu.

Você diz EU TE AMO e ele diz que gosta muito muito muito de você.

Você diz EU TE AMO e ele diz que sente um enorme carinho por você.

Você diz EU TE AMO e ele diz "eu sei".

Você diz EU TE AMO e ele não diz nada.

Acho que está na hora de você dizer EU ME AMO... não?

quinta-feira, maio 19, 2005

Estranhas criaturas

Hoje vamos falar sobre o resultado do cruzamento entre o homem e o saquinho que conserva alimentos: o Homem Ziploc.

Seu habitat abrange várias regiões urbanas, mas é encontrado com mais facilidade em locais onde abundam amigos e cerveja.

Até os 30 anos, fica em estado semivegetativo, ocasionado, na maioria das vezes, por uma insegurança causada pelos tocos levados no decorrer da vida. Por um desses fenômenos inexplicáveis da natureza, esse espécime encontra uma fulana desvairada que dá a entender que ele é uma pessoa interessante e tale e coisa. E o indivíduo acredita...

A partir daí, desenvolve uma segurança artificial, que gera comportamentos estranhos, marcados por piadas sem graça, gargalhadas exageradas, olhares de esguelha e uma forma de caminhar sui generis.

No entanto, a lembrança do tempo de encasulamento promove um comportamento ímpar: ele acredita que precisa "armazenar" mulheres para o caso de outra época de vacas magras. Coloca-as, mesmo que à revelia e algumas vezes até mesmo sem o conhecimento das ditas, em saquinhos plásticos, registrando com etiquetas as suas utilidades: "BOA PARA DIAS DE CHUVA", "PARA LEVAR AO BARZINHO", "PARA RESTAURANTES FINOS", "SÓ PARA TRANSAR".

Esse tipo sofre de amnésia seletiva: esquece tudo que possa causar algum embaraço ou desmentir qualquer dos seus "causos".

Pesquisadores investigam a possibilidade de haver também alguns genes de lavadoras de beira de rio nas células do Homem Ziploc. É impressionante a capacidade que ele tem de "torcer" os fatos e de se auto-"ensaboar"...

terça-feira, maio 17, 2005

Orkut de quem?!

Vocês não odeiam esse tal de orkut, de vez em quando?

Todo mundo se encontra.

E você, até quando não procura, acha.

Acha o perfil daquele ex-namorado que você preferia que estivesse sob sete palmos de terra.

Acha recadinhos melosos do seu pretendente no perfil de alguma baranga.

Acha , pior ainda, um “a noite foi ótima” deixado por uma sirigaita qualquer no mural de recados do seu pretendido.

Acha aquele cara tuuuudo-de-bom que você viu uma vez só, há séculos, na casa da sua amiga. Ele tinha namorada na época, tá certo – mas o perfil agora indica que está solteiríssimo. Aí, olhando as comunidades dele, descobre que virou gay.

Acha um velho conhecido do segundo grau que sempre deu em cima de você e nunca mereceu crédito. Ele agora é lindo, culto e bem-sucedido. E casado, claro.

Acha a ex-namorada do seu atual na lista de amigos dele e descobre que o cretino estava mentindo quando dizia que nem sabia por onde ela andava.

Acha aquele sujeito grudento que te perseguiu por oito meses e percebe que ele é amigo-de-um-amigo-seu que, aliás, disse outro dia que queria te apresentar um cara gente-boa. E você pensou que era só uma coincidência de nomes.

Acha dores-de-cotovelo, histórias esquecíveis, fantasmas e enxaquecas.

E se pergunta por que cargas d’água não foi dormir cedo.

segunda-feira, maio 16, 2005

O que é o amor...

Entram na minha sala o cliente, sua mãe e sua tia.

Ele mesmo não fala nada. Mas a mãe e a tia falam. E como!

"E aquela vagabundazinha vivia chifrando ele, sabe doutora, aquelazinha nunca valeu nada mesmo". Elas sempre souberam. Mas ele, cego de amor, casou do mesmo jeito. Ficou contra a mãe. E durante o tempo de casados elas pegaram aquela "uma" com outros homens, várias vezes. No flagra! Mas ele nunca acreditou na mãe e na tia. E acabou se distanciando da família, por causa "daquela".

Até o dia em que ele finalmente pegou. Na casa deles. Na cama deles. Com outro homem.

No mesmo instante eu percebi que o flagra fora armado pela mãe que, juntamente com dois policiais, um vigilante da rua e ele, entraram na casa atrás de um "suposto assaltante". E agora "aquela vadiazinha" ia ter o que merecia.

Que eu ia ter que limpá-la, de qualquer jeito. "Nada de casa, carro, mesada, nada, viu doutora?" Ela tinha que perder tudo. Ela tinha que pagar pelo que fez com o filhinho dela. Com o sobrinho querido.

E ele mesmo não falou nada. Até hoje, no meio do processo ele fala muito pouco. No início eu imaginei que fosse a vergonha. A humilhação. A decepção. Que tudo fosse demais pra ele.

Agora eu soube que não.

Que ele ainda liga pra ela. Diz que a ama e que queria muito voltar. Promete que eles vão morar longe da mãe dele. Longe da família dele.

Mas na frente da mãe e da tia ele fica mudo. E o processo segue.

E, pela primeira vez, que não sei como isso vai terminar...

sexta-feira, maio 13, 2005

Mantra

Não dizem que condicionamento mental funciona? Então: dever de casa para o finde...

Só vou gostar de quem gosta de mim
(Rossini Pinto)

De hoje em diante vou modificar
O meu modo de vida
Naquele instante em que você partiu
Destruiu nosso amor
Agora não vou mais chorar
Cansei de esperar, de esperar enfim
E pra começar eu só vou gostar
De quem gosta de mim


Não quero com isso dizer que o amor
Não é bom sentimento
A vida é tão bela quando a gente ama
E tem um amor
Por isso é que eu vou mudar
Não quero ficar
Chorando até o fim
E pra não chorar
Eu só vou gostar de quem gosta de mim

Não vai ser fácil, eu bem sei
Eu já procurei, não encontrei meu bem
A vida é assim, eu falo por mim
Pois eu vivo sem ninguém

quinta-feira, maio 12, 2005

Assim sim, mas assim também não...

Eu já falei algumas vezes do meu pai por aqui.

O que eu não falei é que nossa relação, por nunca ter sido de pai e filha, é de dois amigos.

Eu conto moooonte de coisas pra ele. Coisas sérias mesmo, de relacionamento e talz. Quase como se eu estivesse conversando com as meninas.

Eu disse quase. Porque isso tem volta.

Se eu conto, ele também quer contar. Contar do dia, dos problemas, dos outros filhos, das namoradas, dos casos, das transas...ÔPA!

Tá bom! Tá bom! Pópára! Pópára!

Informação demais pro meu gosto. Tem coisas que, realmente, eu NÃO preciso saber.

O que meu pai não sabe, ou não entende, é que para os filhos os pais não transam. Nunca! E se transam, não compartilham! Jamais! Ainda mais quando a conversa é entre a filha mulher e o pai, bonito, solteiro, livre, leve, solto e chegado numa putaria, após ter adotado a teoria da própria filha de que "a fila anda".

Quando eu não interrompo ele a tempo fico sabendo de cada uma... E depois marido quer saber o porquê da minha insônia voltar de vez em quando...

quarta-feira, maio 11, 2005

Pillow Talk

Ele me liga no finalzinho da noite e,
com aquele sotaque gostoso, me chama de "preciosa"...

Ele me conta sobre os trabalhos da faculdade e
sobre como está cheio de afazeres por causa
da ausência do irmão dele,
que está curtindo férias na Espanha...

Ele fala sobre a alergia que tem a pólen e
que está com o nariz escorrendo e
com os olhos vermelhos...

Ele ensaia uma cena de ciúmes quando eu conto
do jogo de futebol de uns amigos e
reclama que eu devia estar muito
distraída com eles para atender
o telefone no dia anterior...

Ele pede para eu não fazer planos
para nós, mas se irrita quando eu
digo que vou fazer trekking no Peru "with or without you"...

Ele diz que eu estou muito bem-humorada...

Ele diz que me ama...

Ele diz boa-noite...

Ele desliga...

E eu sonho...




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Surtei!!! Vou bem ali queimar o meu soutien e já volto!!

segunda-feira, maio 09, 2005

Quem ri por último?

Ela vai passar um mês fora. Rio de Janeiro. A trabalho.

Perguntam para ele como vai se virar para cuidar do bebê, durante esse mês. Ele, do alto da sua segurança machista, responde que não está preocupado, que vai trocá-la por uma garota de vinte anos.

Alguém responde:

- Pois eu acho que você deveria se preocupar, sim. Afinal, quem vai passar trinta dias na Cidade Maravilhosa é ela...

Cai o pano.

quinta-feira, maio 05, 2005

Existe vida após "O Amor"?

Você tem uma vida legal. Seus amigos são legais. Sua rotina é legal. Seu dinheiro dá pra você fazer as coisinhas que gosta e pagar as contas. Mas você quer mais. Você quer alguém pra dividir essa vidinha que você gosta. E você quer amar. Então vocês se conhecem. E se apaixonam. E namoram. E ficam mais apaixonados ainda. E namoram mais. E começam a se amar. E amar é bom. E você tem certeza de nunca amou assim em toda a sua vida. Ele é o amor da sua vida. Você é o amor da vida dele. E você quer passar o resto da sua vida amando desse jeito. Por que esse não é mais um amor. Esse é "O Amor", aquele que você procurou a vida inteira. E ele partilha da mesma opinião. E então vocês querem mais. E resolvem se casar. Porque se amam, claro. E então, toda a sua vida muda. Seus amigos mudam. Sua rotina muda. Suas despesas mudam. Suas responsabilidades mudam. Aquela vidinha despareceu. Você agora tem outra, que divide com alguém. E a vida é boa. O amor é bom. Mas o tempo passa. E vocês são diferentes. Têm pontos de vistas diferentes. Vontades diferentes. Amigos diferentes. Têm objetivos diferentes. E personalidades diferentes. E algumas brigas são inevitáveis. Mas vocês ainda têm o amor de vocês. E esse amor pode tudo. É maior que todos os pontos de vistas, que todas as vontades, que todos os amigos, que todos os objetivos, que qualquer personalidade forte. É maior que qualquer briga, por mais feia que ela seja. Mas de repente, no meio de tanta coisa, de tantos objetivos, de tantos pontos de vista, de tantas diferenças e brigas e egos, o amor já não parece tão grande. Já não parece tão bom. Já não parece suficiente. Parece pequenininho. Parece fraco, diluído. Não parece mais aquele amor que você tanto queria. Não parece mais ser "O Amor" que você tanto procurou. "O Amor" que você queria era diferente. E vocês deixam de querer. Não sem ficar com pena de tudo aquilo. Com pena de que aquilo, que era tão grande e tão bonito e tão suficiente, tenha se tornado tão pequeno e fraco e insípido. E vocês até tentam resgatar tudo aquilo. E sofrem por não conseguir. E sofrem por ter que desistir. E sofrem. E depois de tudo isso, como voltar para a sua vidinha? Como não mais dividir nada com ninguém? Como voltar a ter seus amigos, sua rotina, suas coisas? Existe vida após um amor? Existe vida após esse amor? Existe vida após "O Amor"? Existe vida? Foi tudo um engano?

segunda-feira, maio 02, 2005

Historinha para ninar uma amiga...

Este é um post antigo, lá do Passeio. Eu gosto deste texto, ele me faz bem. Mas tudo o que está escrito nele é o que eu gostaria de dizer para você, amiga.

Estava andando distraída pela rua quando tropeçou em um pacote. Depois de ver estrelas e de listar todos os palavrões que conhecia, percebeu que, com a topada, o pacote se abriu. Por curiosidade (sabe como é, signo de gêmeos, conjunção lunar e etc.), abriu um pouco mais e viu que, lá dentro, havia um amor. Não era um amor novo, já estava, inclusive, bastante usado, mas dava para perceber que era dos bons, sólido, firme. Desembrulhou tudo, dobrou o papel e colocou o amor sobre uma mureta. Marcas de mordidas aqui, faltando alguns pedaços ali, mas ele estava praticamente inteiro. O cheiro ainda era bom, um restinho de laranja com canela. A cor era firme, destas que não desbotam. Decidiu levar o amor para casa. Não era seu, ela nem sabia quem o havia abandonado assim, na rua. Já entrara em sua vida causando dor: a topada machucara o dedão direito. Mas não é todo dia que se encontra um amor assim, embrulhado para presente no meio da rua. Chegando a casa, não encontrou um lugar onde pudesse colocar o amor. Ora o lugar era pequeno, o amor não cabia ali. Ora era grande demais, e o amor ficava perdido em meio a tanto espaço. Pensou mesmo se não seria o caso de guardá-lo em um banco, afinal, era artigo raro nestes dias, alguém poderia querer roubá-lo. Mas desistiu da idéia. Era tão bonito, tão colorido...estava pensando no melhor lugar para exibi-lo (sim, porque, arrependida da idéia de encerrá-lo em um cofre, agora queria mostrá-lo a todos que entrassem em sua casa), quando notou que ele rolou para um canto do sofá. E parecia confortável ali, encostado nas almofadas. “Então, era ali que ele queria ficar!”, pensou. E ali ele ficou.

Não era o seu primeiro amor. Ela já tivera outros. Alguns ela ganhara, outros ela comprara, mas nenhum deles tinha aquele apelo meigo, quase um pedido de cuidados, com suas marcas de mordidas e seus pedaços faltosos. Cuidava daquele amor com todo o seu coração. E ele retribuía. As marcas ficavam menos visíveis. Um dia, ela até pensou ter visto um sorriso. Podia jurar. E o amor crescia. As pessoas que a visitavam se surpreendiam com aquele amor. Um amor que não era dela, que ela encontrou na rua, que ela trouxe para casa. E ela fazia questão de mostrá-lo. De contar como o encontrou. Dez, vinte, cem, duzentas vezes. E as pessoas estranhavam. “Mas você nem sabe de quem é!! De onde ele veio? Não é falsificado?”. E foram tantos os comentários que o amor começou a ficar assim, meio ressabiado. E já não brilhava tanto, nem exalava
seu cheiro de canela e laranja. E ela percebeu. E um dia deitou no sofá, bem perto do amor. E chorou silenciosamente. Ele não era seu, podia até ser falso, mas lhe fazia um bem tão grande. Era tão bom sabê-lo ali, perto dela. Fechou os olhos e não percebeu que o amor encostara-se a seu corpo. Sentiu apenas o calor que emanava dele. Abriu os olhos e ainda teve tempo de ver uma pontinha entrando no seu peito, para sempre.


sábado, abril 30, 2005

Droga droga droga...

Aí você recebe o seguinte telefonema:

"-Amor, olha, tô saindo do trabalho agora mas não vou pra casa. O pessoal tá fazendo uma pressão aqui e eu vou ali tomar alguma coisa com eles, tá? Não demoro. Beijo."

Você nem tem tempo pra reagir. Diz que "ãh, sim" ou então "claro, claro querido...", mas no fundo, um turbilhão de coisas invade a cachola, que começa a funcionar e nem sempre funciona muito bem...

Como assim, vai sair com o pessoal? E nem me chamou? E que pressão é essa que o pessoal tá fazendo? E pra onde eles vão? Será que ele vai demorar muito?

Se ele não me chamou é porque não queria a minha companhia. Puxa vida, ele não gosta mais da minha companhia. Então é porque o relacionamento está esfriando, claro, se ele não gosta mais de sair comigo! Ou então ele tem vergonha de mim e não quer que eu saia com os amigos dele. Ou pior! Se eu não posso ir nessa saída é porque tem mulher no meio! Claro! Os amigos fazendo pressão, eu não posso ir, na certa tem mulher no meio! Quem pode ser? Será que é do trabalho? Mas lá só tem a Dona Amália, aquela senhora de 55 anos e a Rosinha, que é casada e também é feia que dói... mas não tinha uma estagiária nova? Acho que ele falou alguma coisa de que tinham contratado alguma estagiária nova... droga droga droga. Será que é uma dessas menininhas novinhas, que andam de minissaia pelos escritórios sorrindo pros funcionários porque não sabem fazer outra coisa?

Ai minhanossasenhora e esse relógio que não anda! Que horas eram mesmo quando ele ligou? Deixa eu ver... já se passaram 40 minutos e ele nada de chegar! Droga, droga, droga. Também vou sair. Isso, vou sair! Mas sair pra onde, se já são 9 da noite de uma sexta-feira e eu não combinei nada com ninguém. Todo mundo já deve ter programa a essa hora... Droga droga droga...

Bom, preciso me distrair até ele chegar. Não posso dar bandeira de que fiquei chateada. Ou ansiosa. Ou insegura. Droga droga droga. Vou comer. Isso, vou comer alguma coisa. Deixa eu ver... chocolate, amendoim, pipoca, refrigerante, um sanduíche... por enquanto isso dá pro gasto.

Vou ver televisão. Não, vou ligar o computador e ficar na internet. Vou ler um livro. Não, vou terminar de montar meu quebra-cabeças de 3.000 peças. Vou fazer uma faxina nessa casa. Acho que vou passar roupa. Mas que horas são hein! Puxa vida, tudo isso, já se passaram duas horas desde que ele ligou?

Ai, meu Deus, o portão tá abrindo, ele tá chegando. Vou deitar e fingir que tô dormindo. Não, que estou assistindo TV. Ou então vou dizer que trabalhei a noite inteira e nem vi a hora passar... droga droga droga...

"-Oi amor, cheguei... ué o que vc tava fazendo? Assistindo TV, lendo um livro com a luz apagada ou dormindo?"

Droga droga droga...

segunda-feira, abril 25, 2005

Isso está muito bagunçado!!!

Um casal está discutindo, terminando o relacionamento. Ela, com todo aquele tato que só as mulheres têm nesses momentos, joga na cara do fulano todo o tipo de acusações. Ele, se sentindo em desvantagem, dá uma última cartada:

"–E eu fingi todos os orgasmos!!"

Pausa para as gargalhadas. Era uma comédia. E o mecanismo da piada era trazer uma situação insólita: homem fingir que gozou? Impossível!!!

Pois não é que estava eu, pleno domingo, com a minha canequinha de mingau de farinha láctea no colo, quando leio no jornal: "Homens também fingem orgasmos". Quase tive uma síncope. Não, não foi porque eu não sabia. Sempre desconfio desses fingidos, não é novidade para mim. O problema é a divulgação.

Tá lá o mocinho, contando, com a maior alegria (parece que estou vendo a cara de prazer!!), como engana a namorada. Claro que o papo é em escala industrial, como convém a quase todos os representantes do sexo masculino:

"Gozo a primeira vez, a segunda... na terceira, eu finjo. Fecho os olhos, digo umas coisas e saio correndo para o banheiro, que é para ela não perceber que a camisinha está vazia."

Filhinho, senta aqui no colo da tia. Primeiro, parabéns por usar camisinha. Segundo, fala sério!!! Você finge na terceira? Já parou para pensar que a sua namorada pode estar fingindo desde o boa-noite? Sim, porque se até agora você não aprendeu que qualidade não tem relação com quantidade, tem algo de errado no reino da Dinamarca.

Mulher fingir orgasmo é quase um patrimônio da humanidade. Pense em quantos casamentos foram salvos, quantas assaduras foram evitadas, quantos suicídios adiados... desenvolvemos essa técnica durante séculos. Aperfeiçoamos os detalhes, os gestos, a sonoplastia. Devíamos ter patenteado... agora, Inês é morta!!

Agora, falando sério. Já chega de tanto fingimento, né? A gente já finge que vive, que trabalha, que estuda, que gosta, que respeita. Fingir que está tendo prazer é o ó do borogodó. Depois acostuma... aí é que eu quero ver!

domingo, abril 24, 2005

O ovo ou a galinha?

Alguém me responde aí, por favor, em relação aos homens...

Por que é que não enxergam que "aquela amiga" quer ser muuuuito mais do que uma amiga?

Por que é que não enxergam que sua mamãe vai fazer de tudo pra mostrar que mulher nenhuma vai ser tão boa pra ele como ela é?

Por que é que não enxergam quando aquele zé mané está te enchendo o saco, mas implicam com o gatinho que te deu uma olhada inocente?

Por que é que não enxergam quando cortamos ou tingimos o cabelo, compramos uma roupa nova ou inauguramos um novo perfume?

Por que é que não enxergam que sua amada vive em constante provação diante da sua adorada turma de amigos?

Por que é que não enxergam que seu moletom surrado e preferido não combina com o modelito jeans-sandália-top da sua querida para uma saidinha básica?

Por que é que não enxergam que o romance não acabou só porque vocês estão casados e que motel, restaurante e boite não são somente programas para solteiros?

Agora, alguém me responde aí, por favor, em relação a nós...

Por que é que sempre implicamos com alguma amiga dele?

Por que é que não conseguimos dar o braço a torcer e pedir pra sogrinha nos ensinar aquela receita que ele adora?

Por que é que ficamos indignadas quando ele demonstra ciúmes e insultadas quando ele não demonstra?

Por que é que fazemos questão de que ele note que aparamos as pontas do cabelo ou mudamos o esmalte de "branco" para "pérola"?

Por que é que inplicamos tanto com os amigos dele, se nossos amigos agem do mesmo jeito?

Por que é que nos apaixonamos pelo jeitinho "despojado" dele se vestir e depois de algum tempo começamos a achar o "despojado" muito largado e insistimos em mudá-lo?

Por que é que achamos mega-romântico um casal que curte sua casa, adora namorar na cama, assistindo filminho no DVD com pipoca e reclamamos que ele não nos leva pra sair?

Os homens são mesmo uns cegos ou nós é que estamos muito chatas?