quarta-feira, julho 27, 2005

Sabedoria quatrobineurológica

Querildas pessoas, eu vou bem ali, à Alemanha, ver o que rola por lá... é rapidinho, daqui a pouco estou de volta. Enquanto isso, cuidem, por favor, da Kika e da Lu. Mas sem marcar orgias gastronômicas na minha ausência, ok? É pecado!

Deixo para vocês uma das conclusões a que cheguei nesses meus anos (uiii!!) de observação sociológica:

Depois de uma certa idade, ninguém mais tem "tipo"; tem é oportunidade.

Fiquem todos bem. Cuidem-se. Façam tudo o que eu não faria. Tenham juízo. E usem. O juízo, é claro.

Beijos com amor!

quinta-feira, julho 21, 2005

Fim

Cecília não sentia nada. Augusto tinha saído de casa naquele dia, comunicando-lhe que mandaria alguém buscar suas coisas. Ela poderia ficar no apartamento, ele lhe dissera. Ainda tinham consideração e respeito um pelo outro. Carinho, até. Não tinha havido traições ou desrespeito. Simplesmente acabara, de uma hora para outra. Passeou pela casa como um zumbi. Abriu os armários, tocou nos paletós dele. Ele sempre tivera muito bom gosto pra se vestir. Sentou-se na escrivaninha do escritório. Passou os dedos pelo laptop em que ele navegava na internet noites a fio. Ele sempre foi curioso. Mas ela sempre fora mais inteligente. Olhou para as paredes cheias de pinturas famosas. Ela o introduziu no mundo das artes, mas ele nunca realmente se interessara. Ela ficaria com todos os quadros. No estúdio, um piano de cauda jazia sozinho e silencioso. Ela não queria aquele trambolho em sua casa. Aquilo a faria lembrar-se de Augusto constantemente. O telefone tocou ao longe. Seus amigos ligando? Ou os amigos de Augusto? Sim, porque a partir daquele momento haveria uma divisão. Mas ela não sentiria falta dos amigos dele. Lembrou-se do aniversário do afilhado na próxima semana. Os dois eram padrinhos. Será que iam juntos à festinha? Entrou na cozinha e viu os restos do jantar que preparara na noite anterior. Os pratos preferidos de Augusto. Um vinho caro. Uma tentativa vã de resgatar alguma coisa da paixão que outrora sentiram um pelo outro. Casaram-se com dezoito anos, enlouquecendo seus pais. Olhou para a mesa recheada de caros porta-retratos. O casamento simples, no cartório. Viagens de férias. Natais e Reveillons. Sua família, a família de Augusto. Momentos felizes e que agora pareciam tão distantes. Como se nunca tivessem existido. Olhando para as fotos, notou que Augusto parecia não ter envelhecido um ano sequer. Pensando bem, ele realmente não mudara em todos esses anos. O mesmo jeito de menino. Sempre risonho, brincalhão. Sempre querendo mais. E ela... bem, ela mudara muito. Amadurecera. Augusto não entendia. Ela não podia mais ser aquela menina de antes. Era agora uma senhora casada, com responsabilidades. Tinha uma casa e um marido pra cuidar. Tinha. Foi o que os separara. Ele nunca mudou, mas ela nunca perdeu as esperanças de que ele mudasse. E ela mudou, mas ele sempre quis que ela continuasse a mesma...

segunda-feira, julho 18, 2005

O Império dos Sentidos

Você pode achar que o que escreverei aqui prova que sou superficial, ou seja-lá-o-que-for. Não é verdade. Valorizo o conteúdo acima de tudo – seja de um livro, um cedê, um blógui ou, principalmente, uma pessoa.

Acontece que, gostando ou não, sou sensorial ao extremo. Dizem que é do signo. Como primeiro com os olhos. Vejo sons. Ouço cheiros.

Isso se aplica ao que espero dos homens. Claro – senão, por que teria começado esse assunto aqui no blógui?

Para despertar minha atenção, primeiro o sujeito tem que despertar meus sentidos. Para manter-me interessada no relacionamento, precisa redespertá-los sempre. Como? Vamos lá.

Visão
Os gays não são todos bonitos, como a gente diz às vezes, no auge da frustração. Acontece que a maior parte deles tem bom gosto e sabe se arrumar. A primeira impressão que passamos às pessoas é a nossa imagem. Tudo bem, julgar alguém pela aparência pode ser futilidade, preocupar-se exageradamente com a aparência pode resultar em neurose. Agora, saber usar a roupa certa na ocasião apropriada denota cuidado, fazer a barba (ou cultivá-la com esmero), pentear os cabelos e outros pequenos cuidados fazem a diferença entre uma figura desleixada e um homem digno de uma segunda olhadela.

Audição
Não precisa saber cantar, ou ter voz de radialista (se bem que, se tiver tais predicados, melhor ainda). Aqui, refiro-me ao papo mesmo. Gosto de ouvir um homem inteligente, bem-humorado, crítico, até sarcástico. Fujo do pedantismo, da arrogância, das piadas fora de hora.
Falar “entre quatro paredes” (se é que vocês me entendem) também pode ser muito, muito interessante.

Olfato
Homem tem que ser cheiroso. Não estou falando de “cheiro de macho” (ainda que reconheça a importância dos feromônios), mas de perfume, mesmo. Nada como um homem com aquele cheirinho de colônia pós-barba, ou perfumado na medida certa. Porque, se dizem que tudo que é excessivo enjoa, no caso de perfumes essa regra vale ao pé da letra.
É claro que o hálito também merece atenção. Especialmente porque também diz respeito ao sentido seguinte.

Paladar
Você fuma? Se sua companhia não gosta de cigarro, uma balinha antes do encontro cai bem. Também acho desagradável beijar alguém com gosto de cerveja, se eu não bebi. Especialmente se faz hoooras que o cara bebeu e aquele gosto de cerveja choca está lá, impregnado. Gosto de cabo-de-guarda-chuva, então, é o fim da picada.
Se nem sempre é possível escovar os dentes, lembre-se: halls existe. Para casos mais graves, há uns aromatizadores de hálito ótimos e baratinhos, disponíveis em qualquer farmácia.

Tato
Tem o toque das roupas. Tecidos macios favorecem o carinho.
Lábios hidratados caem bem. Cabelos bem cuidados, também. Mãos que não lembrem lixa de unha e barba que não arranhe são mais que recomendáveis.
Acima de tudo, porém, encontra-se a tal “química”. Aquela “coisa de pele”, sabe? A corrente elétrica que vai de um corpo a outro ao menor contato.
Se não houver essa química entre o casal, não valem de nada os esforços e preocupações que o homem possa ter com os outros sentidos.
Por outro lado, mesmo que o sujeito seja um relaxado, pode despertar a tal eletricidade.

Se bem que, no meu caso, essa possibilidade é um tanto remota.

terça-feira, julho 12, 2005

Uma questão de "marquetingue"

Sabe essas revistas de mulherzinha? Não, sem tom pejorativo. Eu adoro. Leio várias. Não mudam a minha vida em nada, mas me divertem aos montes.

Um dos assuntos recorrentes nas matérias é o medo que os homens têm de não satisfazerem as mulheres e de, por conta disso, virarem tema de conversa nos banheiros da vida (é, porque, se vcs ainda não repararam, alguns homens acham que as mulheres só conversam no banheiro, entre um xixi e um retoque no batom).

Eis que estou aqui, moços!!! A redentora de todos vcs. Vim trazer a verdade que liberta: uma mulher tem que ser muito macho para admitir que transou com um cara ruim de cama. Não admite. Nem a pau!!! E eu chamo pra cair dentro aquela que quiser contradizer a minha tese.

(PAUSA: É claro que existem momentos em que a tese vai para o vinagre. Por exemplo, no meio de uma discussão. O cara pode ser o Ronaldinho do orgasmo múltiplo que não adianta. Homem sacana, em público, sempre, sempre, sempre, tem pau pequeno e ejaculação precoce. Lá na hora do desabafo com a amiga, a mulher pode até dizer que o canalha era gostoso. Mas na hora da briga??? Nunquinha!!!)

O problema é que, se a mulher admitir que o fulano que ela anda pegando (*adoro falar canalhês) é ruim de cama, acaba assinando um atestado de incompetência. Isso na cabeça dela, é claro. Se a transa não foi boa, se a noite não rendeu, a responsabilidade tem que ser dividida. Não, o moço não pode ser meia-bomba (****), ela é que não desperta o tesão dele. Não, o rapaz não pode ser o coelhinho da fábula, ela é que não dá incentivos... e por aí vai... como podemos ver, a lição perpetrada por séculos e séculos foi bem assimilada.

Analisemos: vc investe dias, semanas, meses naquelas carnes (*). Esquematiza encontros casuais, monta uma rede de informações de fazer inveja a qualquer Tom Cruiser para, no final das contas, o moço ser fraquinho nas artes do amor??? E, depois de tudo isso, vc ainda tem que admitir para as suas amigas que o moço não dá no couro??? Nem morta!!!


Por isso, rapazes, podem ficar tranqüilos. Se o seu desempenho for de fraquinho a médio, nunca vai virar notícia de jornal, nem para o lado bom, nem para o lado ruim.

E os muito ruins? Bom, esses podem até virar folclore, mas vão ser histórias de uma noite só.