domingo, janeiro 09, 2005

UM DIA NA VIDA DE LAURA

Laura acordou, após mais uma noite de balada forte. Havia chegado em casa lá pelas 5 da manhã, meio tonta, (mal) acompanhada e sem lembrar de muita coisa.

Já passava do meio-dia, sua companhia já tinha ido embora e o cheiro forte de bebida e cigarros impregnavam seu quarto, causando-lhe um forte enjôo.

Enquanto tomava um banho quente ficou pensando naquela noite, igual à muitas outras anteriores. Fazia um bom tempo que essa rotina tomara-lhe a vida. Trabalho, barzinho, balada, bebida, sexo... e tudo de novo.

Sentiu-se cansada. Queria mudar. Arrumar um namoradinho, cinema, tv, pipoca, almoço em família, essas coisas. Resolveu passar na casa da irmã mais velha durante o almoço pra conversar um pouco antes de ir trabalhar.

Chegando lá, a irmã atendeu a porta apressada, "o bebê está chorando, preciso amamentar". Há pouco mais de 2 meses Laura tinha um novo sobrinho. O mais novo de outros 3. A irmã, de licença maternidade, desdobrava-se para cuidar dos filhos e da casa, enquanto o marido trabalhava o dia todo numa repartição pública.

Sentou-se calada na mesa da cozinha enquanto ouvia a irmã. A casa, meio bagunçada, com crianças correndo por todos os lados, o almoço por fazer, a irmã, ainda meio gorducha da gravidez, amamentando o bebê e falando ao telefone com o síndico do prédio sobre um vazamento no teto do banheiro.

O cunhado, ao chegar para o almoço, deu, como sempre, aquela "checada" em Laura, de cima abaixo. Sempre achara o cunhado meio cafa, mas sua irmã o amava...paciência.

Depois que o bebê dormiu, as crianças comeram e se acalmaram e o cunhado voltara para o trabalho, Laura e a irmã se sentaram para conversar. "Você é que tem sorte", disse a irmã. "Não tem preocupações, família, filhos, horários. Aproveita essa tua vida de solteira, depois é só declínio".

Perguntou se a irmã era feliz. "Ué... sou né?". Notou o tom de desespero na voz. Se despediu sem dizer o que realmente queria e foi trabalhar.

Durante o caminho o celular tocou. Era a turma da balada, armando mais uma noite como as outras. Ficou olhando fixamente para o visor do celular, pensando...

Por fim, atendeu...

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