quarta-feira, junho 29, 2005

Afirmação pra quê?

Esse post é pra uma nova (e querida) amiga:

Numa conversa entre amigos, nossa amiga nos confidencia que fica chateada porque o namorado, quando atende o celular, nunca diz para o seu interlocutor que está em tal lugar, fazendo tal coisa e que está "com ela".

Todas nós já passamos por essa. Meu marido é um desses que atende o telefone e diz, "ah, eu estou no cinema". E ponto. Ele não diz "estou no cinema com a Kika" ou "estou no cinema com a minha esposa".

Conversando com ele sobre o desabafo de nossa amiga, ouvi o seguinte comentário: "Mas isso é bem feminino mesmo, bem coisa de mulher".

Ele me disse que essa afirmação de que o casal está junto é bem uma coisa feminina mesmo. Que a mulher tem uma necessidade maior dessa afirmação do que o homem. Nós nos damos ao trabalho de dizer "ah, estou aqui , em tal lugar com o meu marido" ou "estou fazendo tal coisa com o meu namorado".

E é verdade. Os homens sentem menos necessidade dessa afirmação. Eles sabem que nós estamos ali com eles. Quem mais precisa saber disso?

Por isso, amiga, vá ser feliz, você e seu homem. Afinal, vocês não precisam de mais ninguém pra isso.

quarta-feira, junho 22, 2005

Banco de memórias

Eu já fui besta o suficiente, confesso, para dizer que gostaria de apagar minhas memórias. Sim, já fui besta a esse ponto.

Agora, mais amadurecida e menos besta, mimo minhas memórias, trato-as a pãdeló, com a intenção de apagar a sensação de rejeição que possa ter ficado nelas.

Hoje o Theo entrou aqui na sala espalhando um perfume diferente. Disse ele que bateu uma nostalgia, que deu vontade de usar esse perfume que há tanto tempo não usava, que marcou um momento especial da vida dele.

As mulheres, então, começaram a debater sobre esse tema palpitante e chegaram à conclusão de que esse cheiro é cheiro "de namorado". Iniciou-se uma conversa muito gostosa, na qual começamos a enumerar coisas "de namorado":

- Halls de cereja;
- carteira de borracha da Company;
- All Star (todos);
- chaveiro com mosquetão;
- camiseta de banda de rock;
- pochete (eccaaa!!! Esse item causou uma discussão interessantíssima);
- música lenta dos anos 80 (mesmo para quem não é da época).

E aí, alguma dessas coisas fez você lembrar? Existem outras coisas "de namorado" na sua memória? Divide com a gente, vai...

E aos meninos queridos, agradecemos as memórias. Isso é o que importa. Como já disse a Lispector: amar é a nossa única salvação...

Ah, o perfume é o Styletto, de O Boticário...

segunda-feira, junho 20, 2005

Dia de "Monstruação"

Eu adoro a minha rotina diária. Acordo quase sempre de bom-humor, faço almocinho caseiro quando marido está em casa, adoro me arrumar pra ir trabalhar. Passo a tarde no fórum, faço minhas audiências, encontro outros colegas pra trocar uma idéia, tenho boas relações com juízes, promotores e os funcionários em geral. Compro aquele chocolate delicioso que vende na porta do Tribunal e como sem culpa. Atendo meus clientes no fim da tarde e eles sempre me rendem boas histórias e até alguns posts. Volto pra casa, morrendo de saudade dos meus "filhotes" e do marido. Brinco com Ariel e Ookla, que são mais afoitos e sentem mais saudades. Trago o danado do Frajola pra casa, pois o gato adora uma rua. Vejo se todos já comeram, têm água e estão acomodados pra dormir. Tomo um banho, faço um lanchinho, coloco as novidades em dia com marido e me preparo pra ver alguma programa que gosto na TV a cabo. Durmo tranquilinha enroscada no marido esperando por mais um dia...

Porém, sob uma outra ótica...

Você está menstruada, mal-humorada, com os nervos à flor da pele, a sensibilidade a ponto de explodir em choro, com cólicas e parecendo o Niágara. Agradece mentalmente a Deus por ser segunda-feira e você não precisa fazer almoço e nem lanche porque marido dá aula o dia todo e só chega tarde da noite. Mas ainda assim tem que acordar cedo, ficar linda, mesmo com a barriga toda inchada, arrumada, mesmo com roupa nenhuma cabendo em você, maquiada e cheirosa, ir trabalhar e parecer profissional, séria e comedida, mesmo estando em frangalhos por dentro de com vontade de gritar com o primeiro que te corta no trânsito. Não pode derramar uma lagriminha sequer quando sua cliente conta como o cachorro do ex-marido a traiu com a secretária oxigenada. Tem que ser paciente com o juiz que te recebe de má vontade e ainda quer te ensinar a advogar e com o energúmeno do funcionário do cartório que "perdeu" o seu processo. Tem que comer só UM Ferrero Rocher e não o pacote inteiro que está no escritório. Tem que ficar rondando os banheiros do fórum pra se certificar, a cada meia hora, que a merda do absorvente não "vazou" e mesmo assim você passa o dia com a impressão que sim e que todo mundo está vendo. Não pode esganar o primeiro abestado que te pergunta: "Que cara é essa? Tá de TPM, é?". Tem que aguentar aqueles advogados chatos, que parecem que engoliram o rei e só sabem contar vantagem. Tem que ir ao banco, receber os dois clientes mais chatos de galocha que você tem e ainda cumprir um prazo que deixou pra última hora. Antes de ir pra casa tem que passar no supermercado, na farmácia e em outro lugar que você só vai lembrar quando já estiver no portão de casa. Tem que fiscalizar os bichos antes de entrar, fazer a chamada, catar um dos gatos que insiste em dormir na porcaria da obra em frente, fazer carinho nos mais animados, dar um tapa na bunda daquele que arrastou a almofada do sofá da varanda pro meio da grama do jardim. Só aí é que você vai poder tomar aquele banho e se enfiar debaixo das cobertas, rezando pra que todas aquelas atrizes/modelos maravilhosas dos seriados da Sony morram e que esse dia termine de uma vez. E ai do marido se "relar" em mim...

segunda-feira, junho 13, 2005

Dexa vê si eu intendi!

Cena: uma mulher de camisetinha. Malhadinha, pode dar tchau sem passar vexame, cabelos sedosos, pele de porcelana. Em uma cozinha rústica, tendo ao fundo um cenário bucólico, prepara uns quitutes, embalada por uma suave brisa, que agita seus já citados sedosos cabelos.

Pega um vidro do que parecem ser palmitos. A tampa oferece alguma resistência, mas a moça logra abri-la com relativa facilidade.

De repente, ela pára. Devolve a tampa ao vidro e, com um voz rouca e envolvente, dirige-se ao guapo rapaz que trabalha em seu notebook.

"Rô, abre para mim?"

E ele, em toda a sua superioridade masculina, retira a tampa com um olhar magnânimo.

E a frase final: "Ser independente, sem deixar de ser mulher".

Das muitas uma: eu não entendi a profundidade psicosociológica do comercial; minha visão de mulher independente está um pouco equivocada; a peça publicitária é ridícula; a amargura se instalou de vez no meu coração; ainda não sou cínica o suficiente...

Kika, explica aí, amiga...

quinta-feira, junho 09, 2005

E daí?

Feliz é a Beatriz. Enquanto admira sua nova cobertura no Sudoeste, decorada por Filinto Madureira, o novo darling do who's who do Planalto, pensa nas possibilidades que a tarde lhe oferece.

Uma volta pelo shopping, talvez, para conferir as novidades daquelas lojinhas exclusivas, onde uma camiseta de malha 100% algodão, com aparência de quem acabou de ser cuspida por uma jibóia, custa a módica quantia de R$500,00...

Hummm... quem sabe uma chegadinha ao salão das estrelas, para retocar as unhas de 5cm com esmalte cor de berinjela... afinal, já não vai ao salão há dois dias...

Enquanto não decide, pega uma das revistas que a Isolina, sua personal assistant, deixou sobre a coffee table daquele designer muito famoso, cujo nome ela não lembra nem a pau.

Lá pela página 35, uma foto chama a sua (dela) atenção. Beatriz reconhece Lucília, sua colega de Obcursos, da época em que cometia desvarios como se inscrever em concursos públicos e passar noites a fio estudando Direito Constitucional.

Alguma coisa estava errada naquela foto... Lucília era a típica CDF. Seu destino era se tornar uma dessas servidoras públicas com maquiagem de mais e elegância de menos. Solteirona, encalhada, na verdade. Hobbies: assistir à televisão e caminhar no Parque da Cidade nas manhãs de domingo.

À medida que os olhos de Beatriz seguiam as letras da reportagem, nascia uma Lucília totalmente diferente, empresária bem sucedida, ativista social, casada com, nas palavras da repórter, "um modelo de perfeição masculina". Hobbies: snowboard e mergulho.

Sentindo a escova progressiva se arrepiar, Beatriz esquadrinhou a foto enorme. Pele de porcelana, usando um Raya De Goeye m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o, corpitcho em dia, sem sinais de silicone ou de lipo (mas isso é fácil de esconder). E os sapatos? Manolo Blahnik, com certeza...

Por que ninguém lhe dissera que dava para ter tudo? Isso, é claro, antes de ela cansar do modelito "moça-moderna-trabalhora-independente" e ceder aos apelos do Neto, pessoa de grande influência na Corte, que precisava de uma fachada para a sua orientação sexual diferente...

Dava para ser mulherzinha e mulherão, tudo ao mesmo tempo agora? Bom, agora era tarde... e ela não ia ficar pensando nisso... se pensasse, franziria a testa e arruinaria a bioplastia que fez no mês passado...

Apanhando sua bolsa Gucci, saiu para a vida, tal qual uma Scarlet O'Hara dos tempos modernos: "Vou deixar para pensar nisso amanhã".

sábado, junho 04, 2005

Os sapos nossos... amém.

Olha, se tem uma coisa que eu já fiz muito nessa vida, foi namorar.

Afinal, a fila anda e a gente tem que experimentar de um tudo (menos verduras e legumes) na minha modesta opinião.

Lendo a classificação que minha amilga Fabby fez no post abaixo, fiquei pensando nos meus sapos, digo, ex-namorados.

Teve um, imaginem só, o próprio homem-bomba. Não, calma. Ele não pertencia ao Al Qaeda ou outro grupo terrorista. Ele era bombado. Malhador. Só pensava em academia, corpo, malhação, bomba, mais corpo, saração, frequentava o salão de beleza, se depilava etc. Se achava lindo de morrer, não podia ver um espelho, era o protótipo do tal metrossexual de hoje. Apaixonado por ele mesmo.

Tá, o cara era gostosão, admito. Mas o cérebro era do tamanho da ereção dele. Sim, porque depois de tomar tanta bomba, ainda vão querer que o cara seja bom de cama? Nem... E eu ainda passei uns dois anos com ele. Vai entender...

Teve um que era o próprio "partidão". Advogado bem sucedido. Charmoso. Não bonito. Mas inteligente. Apaixonadérrimo por mim. Só que morava em outro estado, láaaaa longe. Esse, coitado, eu chifrei sem querer. E troquei ele por um que não tinha onde cair morto. Eu era jovem, entendam... E olha que ele se mudou pra cá por minha causa, e nem assim...

O tal que não tinha onde cair morto era separado, desempregado, tinha duas filhas e morava com a mãe. Cheio de problemas. Cheio de neuras. Mas tinha os olhos azuis mais incríveis que eu já vi na vida. E me hipnotizava. Mas não deu certo, por váaaarios motivos, alguns obscuros até mesmo para mim. E acabou...

Tinha um outro que era um largado. Super-mega-ultra-hiper-inteligente. Mas um largado. Um nerd. E largado. Magro que era só osso. E feio. Admito. O bichinho era feinho. Mas era super-mega-blablabla. Uma coisa. Com esse eu casei. Mas já separei também porque era meio doido...

Um outro era bonito, gostoso, inteligente, divertido. Tudoaomesmotempoagora. Mas era um tarado de marca maior. Até aí tudo bem. Se ele não viesse com umas histórias de swing, ou a 3, a 4, a mais... E como eu não topava, ele arregimentava outras que topassem. Dancei na história. Mas acho que foi melhor assim...

Sapos? Alguns sim. Outros nem tanto. Mas sabe de uma coisa? Acho que todos valeram a pena...rs.

quarta-feira, junho 01, 2005

Vai um sapo aí?

Algumas pessoas me perguntam se eu ainda estou procurando o meu príncipe encantado...

Não sei, vamos analisar os exemplos disponíveis:

1. O da Bela Adormecida – Ficou andando pelo mundo, conhecendo várias culturas, curtindo a vida, enquanto a mocinha levava uma maldição no meio dos cornos. Claro que o simbolismo não poderia ser melhor: a maldição se concretizaria por meio de um utensílio doméstico. E, enquanto o príncipe saracoteava por aí, a Bela ficou dormindo, criando teia de aranha, até o momento em que o "totoso" resolveu sentar praça...

2. O da Branca de Neve – Putz, a Branca enfrentou um monte de barra sozinha. Foi perseguida pela madastra, conseguiu argumentar com o caçador que queria arrancar o seu coração (sentido real), passou um tempo perdida na floresta, conseguiu se impor diante de sete homens (anões, mas homens). Um dia, por causa de uma maçã (de novo!), ela cai adormecida (de novo!). Aí vem o príncipe, que certamente estava curtindo a vida adoidado até então, e leva todo o mérito da história. E lá vai para a lama todo o vanguardismo de dona Branca.

3. O da Cinderela – Escrava... era isso que a bonita era. Do lar... lavava, passava, costurava, cozinhava. E era esquizofrênica: conversava com os ratos. E vivia no borralho. Ô, vida! O príncipe, tal qual participante de realiti shou, realiza uma festa para escolher a mais-mais do reino. Depois, só aceita a mulher cujo pé couber no sapatinho de cristal (quer imagem mais clara?).


Pergunta de novo: Fabby, vc está procurando um príncipe?

Eu respondo: Não, brigadinha, eu passo...