segunda-feira, maio 23, 2005

Mais uma vez AMOR...

(Se esse texto ficar com cara de livro de auto-ajuda, por favor, batam com a minha cabeça na parede...)

Ele diz EU TE AMO antes de você. Mesmo não tendo certeza absoluta, você diz que também o ama.

Ele diz EU TE AMO e dessa vez você sabe que é recíproco. Você confirma que também o ama.

Vocês dizem EU TE AMO várias vezes. Juntos.

Você diz EU TE AMO. E ele diz que também te ama.

Você diz EU TE AMO e ele muda de assunto, fingindo que não ouviu.

Você diz EU TE AMO e ele diz que gosta muito muito muito de você.

Você diz EU TE AMO e ele diz que sente um enorme carinho por você.

Você diz EU TE AMO e ele diz "eu sei".

Você diz EU TE AMO e ele não diz nada.

Acho que está na hora de você dizer EU ME AMO... não?

quinta-feira, maio 19, 2005

Estranhas criaturas

Hoje vamos falar sobre o resultado do cruzamento entre o homem e o saquinho que conserva alimentos: o Homem Ziploc.

Seu habitat abrange várias regiões urbanas, mas é encontrado com mais facilidade em locais onde abundam amigos e cerveja.

Até os 30 anos, fica em estado semivegetativo, ocasionado, na maioria das vezes, por uma insegurança causada pelos tocos levados no decorrer da vida. Por um desses fenômenos inexplicáveis da natureza, esse espécime encontra uma fulana desvairada que dá a entender que ele é uma pessoa interessante e tale e coisa. E o indivíduo acredita...

A partir daí, desenvolve uma segurança artificial, que gera comportamentos estranhos, marcados por piadas sem graça, gargalhadas exageradas, olhares de esguelha e uma forma de caminhar sui generis.

No entanto, a lembrança do tempo de encasulamento promove um comportamento ímpar: ele acredita que precisa "armazenar" mulheres para o caso de outra época de vacas magras. Coloca-as, mesmo que à revelia e algumas vezes até mesmo sem o conhecimento das ditas, em saquinhos plásticos, registrando com etiquetas as suas utilidades: "BOA PARA DIAS DE CHUVA", "PARA LEVAR AO BARZINHO", "PARA RESTAURANTES FINOS", "SÓ PARA TRANSAR".

Esse tipo sofre de amnésia seletiva: esquece tudo que possa causar algum embaraço ou desmentir qualquer dos seus "causos".

Pesquisadores investigam a possibilidade de haver também alguns genes de lavadoras de beira de rio nas células do Homem Ziploc. É impressionante a capacidade que ele tem de "torcer" os fatos e de se auto-"ensaboar"...

terça-feira, maio 17, 2005

Orkut de quem?!

Vocês não odeiam esse tal de orkut, de vez em quando?

Todo mundo se encontra.

E você, até quando não procura, acha.

Acha o perfil daquele ex-namorado que você preferia que estivesse sob sete palmos de terra.

Acha recadinhos melosos do seu pretendente no perfil de alguma baranga.

Acha , pior ainda, um “a noite foi ótima” deixado por uma sirigaita qualquer no mural de recados do seu pretendido.

Acha aquele cara tuuuudo-de-bom que você viu uma vez só, há séculos, na casa da sua amiga. Ele tinha namorada na época, tá certo – mas o perfil agora indica que está solteiríssimo. Aí, olhando as comunidades dele, descobre que virou gay.

Acha um velho conhecido do segundo grau que sempre deu em cima de você e nunca mereceu crédito. Ele agora é lindo, culto e bem-sucedido. E casado, claro.

Acha a ex-namorada do seu atual na lista de amigos dele e descobre que o cretino estava mentindo quando dizia que nem sabia por onde ela andava.

Acha aquele sujeito grudento que te perseguiu por oito meses e percebe que ele é amigo-de-um-amigo-seu que, aliás, disse outro dia que queria te apresentar um cara gente-boa. E você pensou que era só uma coincidência de nomes.

Acha dores-de-cotovelo, histórias esquecíveis, fantasmas e enxaquecas.

E se pergunta por que cargas d’água não foi dormir cedo.

segunda-feira, maio 16, 2005

O que é o amor...

Entram na minha sala o cliente, sua mãe e sua tia.

Ele mesmo não fala nada. Mas a mãe e a tia falam. E como!

"E aquela vagabundazinha vivia chifrando ele, sabe doutora, aquelazinha nunca valeu nada mesmo". Elas sempre souberam. Mas ele, cego de amor, casou do mesmo jeito. Ficou contra a mãe. E durante o tempo de casados elas pegaram aquela "uma" com outros homens, várias vezes. No flagra! Mas ele nunca acreditou na mãe e na tia. E acabou se distanciando da família, por causa "daquela".

Até o dia em que ele finalmente pegou. Na casa deles. Na cama deles. Com outro homem.

No mesmo instante eu percebi que o flagra fora armado pela mãe que, juntamente com dois policiais, um vigilante da rua e ele, entraram na casa atrás de um "suposto assaltante". E agora "aquela vadiazinha" ia ter o que merecia.

Que eu ia ter que limpá-la, de qualquer jeito. "Nada de casa, carro, mesada, nada, viu doutora?" Ela tinha que perder tudo. Ela tinha que pagar pelo que fez com o filhinho dela. Com o sobrinho querido.

E ele mesmo não falou nada. Até hoje, no meio do processo ele fala muito pouco. No início eu imaginei que fosse a vergonha. A humilhação. A decepção. Que tudo fosse demais pra ele.

Agora eu soube que não.

Que ele ainda liga pra ela. Diz que a ama e que queria muito voltar. Promete que eles vão morar longe da mãe dele. Longe da família dele.

Mas na frente da mãe e da tia ele fica mudo. E o processo segue.

E, pela primeira vez, que não sei como isso vai terminar...

sexta-feira, maio 13, 2005

Mantra

Não dizem que condicionamento mental funciona? Então: dever de casa para o finde...

Só vou gostar de quem gosta de mim
(Rossini Pinto)

De hoje em diante vou modificar
O meu modo de vida
Naquele instante em que você partiu
Destruiu nosso amor
Agora não vou mais chorar
Cansei de esperar, de esperar enfim
E pra começar eu só vou gostar
De quem gosta de mim


Não quero com isso dizer que o amor
Não é bom sentimento
A vida é tão bela quando a gente ama
E tem um amor
Por isso é que eu vou mudar
Não quero ficar
Chorando até o fim
E pra não chorar
Eu só vou gostar de quem gosta de mim

Não vai ser fácil, eu bem sei
Eu já procurei, não encontrei meu bem
A vida é assim, eu falo por mim
Pois eu vivo sem ninguém

quinta-feira, maio 12, 2005

Assim sim, mas assim também não...

Eu já falei algumas vezes do meu pai por aqui.

O que eu não falei é que nossa relação, por nunca ter sido de pai e filha, é de dois amigos.

Eu conto moooonte de coisas pra ele. Coisas sérias mesmo, de relacionamento e talz. Quase como se eu estivesse conversando com as meninas.

Eu disse quase. Porque isso tem volta.

Se eu conto, ele também quer contar. Contar do dia, dos problemas, dos outros filhos, das namoradas, dos casos, das transas...ÔPA!

Tá bom! Tá bom! Pópára! Pópára!

Informação demais pro meu gosto. Tem coisas que, realmente, eu NÃO preciso saber.

O que meu pai não sabe, ou não entende, é que para os filhos os pais não transam. Nunca! E se transam, não compartilham! Jamais! Ainda mais quando a conversa é entre a filha mulher e o pai, bonito, solteiro, livre, leve, solto e chegado numa putaria, após ter adotado a teoria da própria filha de que "a fila anda".

Quando eu não interrompo ele a tempo fico sabendo de cada uma... E depois marido quer saber o porquê da minha insônia voltar de vez em quando...

quarta-feira, maio 11, 2005

Pillow Talk

Ele me liga no finalzinho da noite e,
com aquele sotaque gostoso, me chama de "preciosa"...

Ele me conta sobre os trabalhos da faculdade e
sobre como está cheio de afazeres por causa
da ausência do irmão dele,
que está curtindo férias na Espanha...

Ele fala sobre a alergia que tem a pólen e
que está com o nariz escorrendo e
com os olhos vermelhos...

Ele ensaia uma cena de ciúmes quando eu conto
do jogo de futebol de uns amigos e
reclama que eu devia estar muito
distraída com eles para atender
o telefone no dia anterior...

Ele pede para eu não fazer planos
para nós, mas se irrita quando eu
digo que vou fazer trekking no Peru "with or without you"...

Ele diz que eu estou muito bem-humorada...

Ele diz que me ama...

Ele diz boa-noite...

Ele desliga...

E eu sonho...




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Surtei!!! Vou bem ali queimar o meu soutien e já volto!!

segunda-feira, maio 09, 2005

Quem ri por último?

Ela vai passar um mês fora. Rio de Janeiro. A trabalho.

Perguntam para ele como vai se virar para cuidar do bebê, durante esse mês. Ele, do alto da sua segurança machista, responde que não está preocupado, que vai trocá-la por uma garota de vinte anos.

Alguém responde:

- Pois eu acho que você deveria se preocupar, sim. Afinal, quem vai passar trinta dias na Cidade Maravilhosa é ela...

Cai o pano.

quinta-feira, maio 05, 2005

Existe vida após "O Amor"?

Você tem uma vida legal. Seus amigos são legais. Sua rotina é legal. Seu dinheiro dá pra você fazer as coisinhas que gosta e pagar as contas. Mas você quer mais. Você quer alguém pra dividir essa vidinha que você gosta. E você quer amar. Então vocês se conhecem. E se apaixonam. E namoram. E ficam mais apaixonados ainda. E namoram mais. E começam a se amar. E amar é bom. E você tem certeza de nunca amou assim em toda a sua vida. Ele é o amor da sua vida. Você é o amor da vida dele. E você quer passar o resto da sua vida amando desse jeito. Por que esse não é mais um amor. Esse é "O Amor", aquele que você procurou a vida inteira. E ele partilha da mesma opinião. E então vocês querem mais. E resolvem se casar. Porque se amam, claro. E então, toda a sua vida muda. Seus amigos mudam. Sua rotina muda. Suas despesas mudam. Suas responsabilidades mudam. Aquela vidinha despareceu. Você agora tem outra, que divide com alguém. E a vida é boa. O amor é bom. Mas o tempo passa. E vocês são diferentes. Têm pontos de vistas diferentes. Vontades diferentes. Amigos diferentes. Têm objetivos diferentes. E personalidades diferentes. E algumas brigas são inevitáveis. Mas vocês ainda têm o amor de vocês. E esse amor pode tudo. É maior que todos os pontos de vistas, que todas as vontades, que todos os amigos, que todos os objetivos, que qualquer personalidade forte. É maior que qualquer briga, por mais feia que ela seja. Mas de repente, no meio de tanta coisa, de tantos objetivos, de tantos pontos de vista, de tantas diferenças e brigas e egos, o amor já não parece tão grande. Já não parece tão bom. Já não parece suficiente. Parece pequenininho. Parece fraco, diluído. Não parece mais aquele amor que você tanto queria. Não parece mais ser "O Amor" que você tanto procurou. "O Amor" que você queria era diferente. E vocês deixam de querer. Não sem ficar com pena de tudo aquilo. Com pena de que aquilo, que era tão grande e tão bonito e tão suficiente, tenha se tornado tão pequeno e fraco e insípido. E vocês até tentam resgatar tudo aquilo. E sofrem por não conseguir. E sofrem por ter que desistir. E sofrem. E depois de tudo isso, como voltar para a sua vidinha? Como não mais dividir nada com ninguém? Como voltar a ter seus amigos, sua rotina, suas coisas? Existe vida após um amor? Existe vida após esse amor? Existe vida após "O Amor"? Existe vida? Foi tudo um engano?

segunda-feira, maio 02, 2005

Historinha para ninar uma amiga...

Este é um post antigo, lá do Passeio. Eu gosto deste texto, ele me faz bem. Mas tudo o que está escrito nele é o que eu gostaria de dizer para você, amiga.

Estava andando distraída pela rua quando tropeçou em um pacote. Depois de ver estrelas e de listar todos os palavrões que conhecia, percebeu que, com a topada, o pacote se abriu. Por curiosidade (sabe como é, signo de gêmeos, conjunção lunar e etc.), abriu um pouco mais e viu que, lá dentro, havia um amor. Não era um amor novo, já estava, inclusive, bastante usado, mas dava para perceber que era dos bons, sólido, firme. Desembrulhou tudo, dobrou o papel e colocou o amor sobre uma mureta. Marcas de mordidas aqui, faltando alguns pedaços ali, mas ele estava praticamente inteiro. O cheiro ainda era bom, um restinho de laranja com canela. A cor era firme, destas que não desbotam. Decidiu levar o amor para casa. Não era seu, ela nem sabia quem o havia abandonado assim, na rua. Já entrara em sua vida causando dor: a topada machucara o dedão direito. Mas não é todo dia que se encontra um amor assim, embrulhado para presente no meio da rua. Chegando a casa, não encontrou um lugar onde pudesse colocar o amor. Ora o lugar era pequeno, o amor não cabia ali. Ora era grande demais, e o amor ficava perdido em meio a tanto espaço. Pensou mesmo se não seria o caso de guardá-lo em um banco, afinal, era artigo raro nestes dias, alguém poderia querer roubá-lo. Mas desistiu da idéia. Era tão bonito, tão colorido...estava pensando no melhor lugar para exibi-lo (sim, porque, arrependida da idéia de encerrá-lo em um cofre, agora queria mostrá-lo a todos que entrassem em sua casa), quando notou que ele rolou para um canto do sofá. E parecia confortável ali, encostado nas almofadas. “Então, era ali que ele queria ficar!”, pensou. E ali ele ficou.

Não era o seu primeiro amor. Ela já tivera outros. Alguns ela ganhara, outros ela comprara, mas nenhum deles tinha aquele apelo meigo, quase um pedido de cuidados, com suas marcas de mordidas e seus pedaços faltosos. Cuidava daquele amor com todo o seu coração. E ele retribuía. As marcas ficavam menos visíveis. Um dia, ela até pensou ter visto um sorriso. Podia jurar. E o amor crescia. As pessoas que a visitavam se surpreendiam com aquele amor. Um amor que não era dela, que ela encontrou na rua, que ela trouxe para casa. E ela fazia questão de mostrá-lo. De contar como o encontrou. Dez, vinte, cem, duzentas vezes. E as pessoas estranhavam. “Mas você nem sabe de quem é!! De onde ele veio? Não é falsificado?”. E foram tantos os comentários que o amor começou a ficar assim, meio ressabiado. E já não brilhava tanto, nem exalava
seu cheiro de canela e laranja. E ela percebeu. E um dia deitou no sofá, bem perto do amor. E chorou silenciosamente. Ele não era seu, podia até ser falso, mas lhe fazia um bem tão grande. Era tão bom sabê-lo ali, perto dela. Fechou os olhos e não percebeu que o amor encostara-se a seu corpo. Sentiu apenas o calor que emanava dele. Abriu os olhos e ainda teve tempo de ver uma pontinha entrando no seu peito, para sempre.